
O BH a Pé (BHP) tem como objetivo resgatar histórias antigas da capital mineira por meio de passeios temáticos a pé. É um projeto de valorização da memória cultural, que possui oito roteiros. O foco do BHP são pessoas que consomem cultura, que querem fazer passeios ao ar livre, que gostam de ler, ir ao teatro e ao cinema.
Essa é a definição do Rafael Sette Câmara, que é jornalista, produtor cultural e escritor, que ao lado da esposa, Luísa Dalcin, que também é jornalista e produtora cultural, criaram o BHP em 2020. Ele destaca que o projeto nasceu no contexto da pandemia. “No momento em que já era possível fazer atividade ao ar livre. Como somos profissionais de comunicação de turismo, a pandemia afetou demais o nosso negócio, nosso modo de vida, e a gente resolveu criar o BHP”.
“Outras duas coisas também influenciaram a criação do projeto. O fato de sempre receber amigos, parentes da minha esposa, que não são daqui de Belo Horizonte, para fazer roteiros turísticos. Tínhamos que ser criativos, e naturalmente foram surgindo ideias e sempre gostei muito de estudar a história da Capital, sua literatura e de ler livros que foram escritos sobre a cidade. Então, eu tinha um conhecimento acumulado muito grande, e assim, o BHP foi surgindo”, acrescenta.
Ele explica que fazer um passeio a pé é um outro tipo de experiência. “Percebemos os detalhes, podemos parar a hora que quisermos, e vemos os defeitos e as qualidades. Boa parte das pessoas que fazem o passeio são belo-horizontinos, que passam nesses lugares todos os dias de carro ou ônibus e não prestam atenção. Na medida que elas estão a pé e dedicadas ao lazer, à cultura e ao turismo, a percepção e a vivência é outra”.
Segundo Câmara, os passeios têm três eixos principais. “Uma é a literatura, porque sou escritor e pesquiso o tema, e sempre quero que o roteiro busque na literatura sua inspiração. O objetivo é com as caminhadas levar essa temática para as ruas da cidade. Além disso, a gente tem o foco gastronômico, a Luísa é jornalista gastronômica do projeto @ondecomerebeber, e tentamos incluir a gastronomia, levando em consideração que Belo Horizonte é uma cidade criativa da gastronomia, de acordo com a Unesco. E por último, a história da cidade, assim a gente tenta misturar esses três pontos”.
Roteiros
Páginas Viradas – Experiência que mistura história, boemia e a literatura do começo do século 20. Foi o primeiro roteiro a ser criado;
Nostálgicos Futebol Clube – Conta a origem do futebol mineiro, com muita comida de boteco e uma harmonização de cerveja diferente, que é a harmonização com memória esportiva;
Minas é Muitas – É um mapa do tesouro da gastronomia mineira diante do Mercado Central e do Mercado Novo, com um toque de literatura;
Hilda Furacão – Passeio pela BH dos anos 1960, totalmente focado no livro homônimo de Roberto Drummond e na série da Globo;
Almas de Minas – Um passeio pelos fantasmas mais célebres e pelas lendas urbanas mais famosas da capital;
Clube da Esquina – Uma caminhada do Centro ao Santa Tereza, com um músico nos acompanhando, cantando as músicas do Clube da Esquina;
BH de Juscelino – Um mergulho na história de Juscelino Kubitschek antes da construção de Brasília e da presidência;
BH Maluquinha – Homenagem aos 30 anos do filme “O Menino Maluquinho” e ao escritor Ziraldo. Com visitas a lugares que aparecem no longa.
Nos próximos dias, tem quatro passeios programados. Informações e mais detalhes no @caminhadasbh no Instagram.
Experiência
O músico e funcionário público, Thiago Martins, 40 anos, participou do primeiro passeio temático do BHP. “Fui na caminhada literária na pandemia, de máscara e tudo. Depois, participei do Nostálgicos e da Hilda Furacão. Mas, quero ir nos outros para completar todos os passeios do projeto”.
“Sou belo-horizontino e gosto muito da capital, principalmente da Contorno para dentro. Acho que não perdemos em nada para cidades como Madrid, Barcelona, Paris, São Paulo, Buenos Aires, e outras. Gosto muito de caminhar pelo Centro, de conhecer as histórias. E o Rafael é um contador de histórias, conta muito bem, e ele sempre tem uma que a gente nunca ouviu falar. E essa é a diferença, o olhar do Rafael sobre os lugares”, relata o músico.