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Controle e diagnóstico precoce evitam complicações da diabetes

Foto: Freepik.com

 

O Brasil ocupa hoje o 6º lugar no ranking mundial de prevalência da diabetes, com aproximadamente 20 milhões de pessoas afetadas, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Um diagnóstico precoce, a prevenção e o controle efetivo da doença podem evitar complicações graves e até mortes. “A diabetes é uma doença silenciosa, sendo uma das principais causas de óbito evitável no Brasil”, alerta o endocrinologista Cláudio Ambrósio.

A metabologista Elaine Dias JK reforça que o sobrepeso e a obesidade são os principais fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento da diabetes tipo 2. “A prevenção deve começar cedo, idealmente na infância, com foco em estilo de vida saudável, alimentação balanceada e atividade física. Incentivar o consumo de alimentos integrais, frutas e vegetais e desencorajar o consumo de ultraprocessados é fundamental”.

Ambrósio destaca que mudanças simples na rotina são capazes de fazer a diferença. “Escolha uma atividade física que goste e que se adapte ao estilo de vida. Pode ser esteira, caminhada, dança, entre outras, o importante é elevar a frequência cardíaca e manter regularidade. A alimentação também deve conter menos açúcar e produtos industrializados, que hoje fazem parte da rotina alimentar da maioria das pessoas”.

Elaine menciona ainda a importância do sono, já que a privação de descanso está associada ao aumento do risco de obesidade e diabetes. “Crianças com predisposição genética devem ter acompanhamento mais rigoroso”.

O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações como infarto, AVC, perda de visão e até amputações, pontua Ambrósio. “O cansaço que o diabético sente é diferente. É uma sensação de bateria descarregada, de prostração. Esse tipo de cansaço, quando aparece logo no início do dia, pode ser um sinal de alerta”.

Muitos sintomas são ignorados por parecerem comuns, detalha a metabologista. “Sinais como aumento na produção de urina, sede e fome excessivas com perda de peso inexplicada, infecções recorrentes, cicatrização lenta e manchas escuras na pele são indicativos de resistência à insulina e devem ser investigados o quanto antes”.

“Indivíduos com sobrepeso, histórico familiar de diabetes, hipertensão, sedentarismo ou dislipidemia devem realizar rastreamento com exames de glicemia. Isso evita que o diagnóstico aconteça apenas quando as complicações já estão instaladas”, acrescenta.

Os afrodescendentes e pessoas oriundas do Oriente Médio também merecem atenção especial, segundo o endocrinologista. “A genética tem um peso grande. Mesmo com uma alimentação razoável, essas populações têm maior incidência da diabetes. Quem leva uma vida estressante e sedentária, sem histórico familiar, também está no grupo de risco”.

 

Tratamento

Os dois especialistas reforçam a importância da personalização no tratamento da diabetes. “Iniciamos com mudanças no estilo de vida e, se necessário, com medicações orais em doses baixas. A escolha depende do perfil do paciente”, explica Ambrósio.

Ela completa que os avanços médicos e tecnológicos têm transformado o acompanhamento da doença. “Hoje temos insulinas de longa duração, medicamentos orais como os inibidores de SGLT2 e aplicações subcutâneas semanais com análogos de GLP-1 e GIP, que auxiliam no controle glicêmico, emagrecimento e prevenção de eventos cardíacos. Também há sensores contínuos de glicemia que facilitam o controle diário, sem a necessidade de picadas”.

O controle adequado da doença pode evitar situações extremas, como casos de amputação e hemodiálise. “A medicina está cada vez mais preparada para tratar, mas prevenir ainda é o melhor caminho”, reforça Elaine.

 

Diabetes tipo 5

A médica ainda chama atenção para um quadro que tem sido chamado de diabetes tipo 5, ainda sem classificação oficial, mas que representa um grande desafio clínico. “São pacientes com resistência severa à insulina, desnutrição e falha de resposta aos tratamentos convencionais. Eles não conseguem ganhar peso, mesmo com dieta e uso de medicamentos. Essa condição exige abordagem personalizada e visão multidisciplinar”, finaliza.