E m meados de fevereiro, quando o coronavírus começou a ganhar força e a romper as barreiras da China, o governo da Índia passou a sugerir a homeopatia, tratamento baseado em uma medicina alternativa e complementar para quase todos os tipos de doenças físicas e psicológicas, como forma de combate à COVID-19.
A princípio a ideia pareceu não ser aceita ao redor do mundo, porém, após alguns meses, a homeopatia passou a ser difundida como possível tratamento complementar contra a patologia que já infectou mais de 700 mil pessoas só no Brasil.
O Conselho Nacional de Saúde (CSN), instância deliberativa do Sistema Único de Saúde (SUS) e integrante do Ministério da Saúde, chegou a publicar um documento recomendando que os órgãos de saúde de todo o país utilizem as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) como auxílio contra a COVID-19. Práticas como a própria homeopatia e também o reiki, florais, acupuntura, etc podem ser utilizadas como complemento aos recursos terapêuticos
Em Belo Horizonte, profissionais da saúde, juntamente com o Conselho Municipal de Saúde, passaram a discutir sobre o uso da homeopatia no enfrentamento da pandemia. Ao debaterem o tema, a categoria relembrou a eficiência da medicina alternativa em outras epidemias e decidiu por apresentar planos de contenção que a inclua. Foi defendida ainda que a homeopatia possa atuar como um complemento as atuais ações já estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O médico especialista em homeopatia e acupuntura Roberto Debski lembra quando a medicina alternativa foi utilizada em outras epidemias. “Samuel Hahnemann, o médico criador da terapêutica homeopática utilizou o medicamento Belladonna na prevenção e tratamento da epidemia de escarlatina no ano de 1799. Resultado semelhante foi obtido por outros médicos em novo surto da doença na década de 1820. Nas proliferações de cólera asiática, difteria, gripe espanhola e até dengue, aqui no Brasil, ela obteve resultados positivos”.
Ele acrescenta que a homeopatia praticada por um médico especialista é plenamente segura e efetiva em doenças agudas e crônicas, tanto para crianças, quanto para adultos. “É um tratamento que leva em conta o paciente como um todo, ou seja, corpo, emocional e comportamento, além de não ter efeitos colaterais. Há um acompanhamento do processo de doença e também de prevenção e qualidade de vida”.
O especialista afirma que a técnica causa resultados rápidos e efetivos. “Trazendo a cura e o alívio de sintomas de maneira pronta e segura. É uma opção saudável e que não exclui a utilização da medicina convencional. Vale ressaltar que é o médico homeopata que fará a avaliação da necessidade de medicamentos comuns associados ao método complementar”.
Contra a COVID
Debski esclarece que a homeopatia vem para somar outras técnicas já utilizadas na prevenção e cura da COVID-19. “As epidemias podem ser causadas por um mesmo agente etiológico, em diferentes épocas, porém, pela abordagem da homeopatia, os medicamentos tem especificidade própria de acordo com os sintomas presentes, que costumam ser diferentes não somente pelo agente causador”.
Dessa forma, cada epidemia deve ser avaliada no momento atual. “O objetivo é buscar identificar os sinais chamados ‘patognomônicos’, sintomas gerais, particulares, mentais e também os raros, próprios de cada indivíduo. Por meio dessa análise, chegaremos a cerca de seis medicamentos do ‘gênio epidêmico’, ou seja, os que abarcarão, em sua maioria, os sintomas da epidemia atual e serão utilizados nas diversas fases, desde a prevenção até os indícios graves e de forma individualizada”
No Brasil, foi criada uma comissão científica da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), chamada COVID-19 AMHB, para propor protocolos e estudo dos sintomas do “gênio epidêmico” da doença. “Essa comissão passou a solicitar a médicos homeopatas do país inteiro, através de boletins e mensagens enviados pela AMHB em mídias sociais, que encaminhassem relatos de casos de pacientes brasileiros portadores da COVID-19 laboratorialmente confirmados”.
Com isso, centenas de profissionais se voluntariaram para iniciar o atendimento por meio de uma plataforma digital desenvolvida pela AMHB. “Essa é uma iniciativa inovadora na homeopatia nacional e mundial e vai ajudar muitas pessoas no enfrentamento da pandemia”, conclui.