Seria quase uma unanimidade dizer que todos perdem com a violência, não fosse um mercado que é movimentado justamente pelo medo da criminalidade urbana: o de segurança eletrônica. Segundo os dados oficiais do Atlas da Violência 2019, em 2017, houve 65.602 homicídios no Brasil, o que equivale a uma taxa de aproximadamente 31,6 mortes para cada cem mil habitantes. A sensação de insegurança das pessoas aquece o mercado que, nos últimos 8 anos, cresceu em média 8% e, para 2019, projeta aumento de 10% do faturamento. Só no ano passado, o segmento eletrônico faturou R$ 6,52 bilhões no país.
Equipamentos de videomonitoramento, controle de acesso, sistema de alarme, portaria remota, rastreamento de veículos são os mais procurados pelo cidadão e os estados. Atualmente, as câmeras IP (dispositivo que pode ser acessado e controlado via internet) e analógicas são os produtos mais vendidos do setor de segurança pública e patrimonial. Juntas, representam 66% das vendas no Brasil.
‘“Um dos fatores importantes para isso são as políticas de segurança pública que vêm entendendo a tecnologia como uma grande aliada para as políticas de segurança preventiva e não mais reativa. Hoje, as tecnologias disponíveis estão bem avançadas e os valores acessíveis de uma forma que podemos apresentar essas tecnologias aos órgãos públicos”, afirma Selma Migliori, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Segurança Eletrônica (ABESE).
O setor também é responsável pela geração de 220 mil empregos diretos. “É um setor de impacto importante na economia porque amplia os olhos da segurança pública para ajudar tanto no combate à violência, quanto para soluções de prevenção, que é o que o Brasil precisa trabalhar”, acrescenta Selma.
O superintendente-geral do grupo Minasguarda, Manoel Ribeiro, não divulga o faturamento da empresa, mas revela que, nos últimos 4 anos, só o segmento de eletrônicos e monitoramento cresceu entre 20 a 25% todo ano. “Temos, hoje, nove equipes de técnicos na rua trabalhando com seis viaturas. Além disso, temos um sistema de monitoramento com mais de 1.200 câmeras em operação e mais 2 mil pontos de alarmes em todo o estado”, diz.
Segundo o superintendente, no geral, os serviços de alarme, circuito interno de televisão (CCTV) e o monitoramento à distância são os campeões de vendas. Entretanto, neste primeiro semestre, houve aumento na procura pelo CCTV e câmeras infravermelhas de alta qualidade. “A expectativa é de crescimento contínuo adentrando cada vez mais na tecnologia. O Brasil ainda está engatinhando nesse segmento, há muito o que vir pela frente para facilitar a vida”, avalia.
Como exemplo, Ribeiro cita a portaria eletrônica. “Não vai depender de um porteiro para ser aberta. Nós vamos fazer isso à distância remotamente, identificando a pessoa e, em função da autorização ou não do morador, abrimos a porta. Também esperamos sistema de reconhecimento facial, fingers, placas de veículos, etc. Uma série de coisas que já existem no mercado, mas é pouco difundido e usado”.
Na palma da mão
Com a popularização do uso dos dispositivos móveis, as empresas do setor miraram nos aplicativos como alternativa para integrar o usuário a sistemas de alarme, possibilitando comandos remotamente para ligar e desligar o alarme e verificar o status do sistema em suas residências. Além disso, é possível disparar ações como: acender uma lâmpada, abrir e fechar portões, desse modo é possível intimidar um possível invasor, por exemplo. Segundo a Abese, o uso de aplicativos de segurança em dispositivos móveis representa 94% das principais apostas do segmento para os próximos 3 anos.
Para Selma, além dos aplicativos de segurança, plataformas na nuvem para integração de sistemas de hardware e software, automação residencial integrada ao sistema de alarme e a participação maior da Internet das Coisas (IoT) são outras apostas. “Outros nichos de mercado, como residências, já começam a entender que é possível acompanhar toda a segurança da sua família e patrimônio na palma da mão com custos acessíveis”.