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Número de inadimplentes que quitaram dívidas cresce 11,5%

Dados do Indicador de Recuperação de Crédito apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito  (SPC Brasil) mostram que o volume de brasileiros inadimplentes que regularizaram suas pendências e saíram do cadastro de devedores cresceu 11,5%. A última vez que o indicador ficou no azul foi em janeiro de 2015, quando a alta foi de 6,2%.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a economia está se recuperando, mas ainda de forma lenta. “As variáveis macroeconômicas como desemprego e renda melhoraram. Isso fez com que os consumidores tivessem um pouco mais de folga no orçamento e pudessem pagar as dívidas em atraso. A inadimplência funciona como uma âncora para a economia. Se temos uma boa parte das pessoas regularizando pendências, elas podem retomar o consumo e voltar a movimentar o mercado”.

Quem regularizou seus débitos e precisou aprender a fazer educação financeira é a auxiliar de serviços gerais Jane Carvalho. Ela possuía uma dívida de R$ 4 mil. “São compras que fiz no cartão de crédito. Tive alguns imprevistos, não consegui pagar a fatura por condições financeiras e acabou virando uma bola de neve. Os juros eram altíssimos”.

Jane diz que precisou repensar seus hábitos de consumo. “Eu parei de usar o cartão até encontrar uma forma de quitar a dívida. Perdi algumas noites de sono preocupada com essa situação. Entrei em contato com o credor para verificar as possibilidades. Na época, a opção mais viável era dar uma entrada e parcelar o restante. Graças a Deus consegui resolver o problema”.

Ainda segundo o levantamento, a maior parte (24%) dos consumidores que quitaram suas dívidas e recuperaram o crédito em janeiro tem entre 30 e 39 anos. De acordo com a economista, isso não tem relação com a crise econômica e sim com o ciclo de vida. “Nessa faixa etária, as pessoas possuem uma concentração de gastos elevada. Geralmente, nessa idade é quando se casam, saem da casa dos pais, compram casa, apartamento, carro, etc”.

Os que pertencem a faixa etária entre 50 e 64 anos somam 22%, enquanto que 13% possuem idade acima de 64 anos. No que diz respeito ao gênero, não há uma diferença significativa. 51% dos que pagaram suas pendências são mulheres e 49% são homens.

No entanto, apesar dos números positivos, a pesquisa também revela que 79% dos que foram negativados em janeiro já haviam estado no cadastro de devedores ao longo dos últimos 12 meses. “Por outro lado, uma grande parcela que já havia sanado seus débitos voltou a ficar com o nome sujo, o que colabora para que a inadimplência continue elevada. Isso demonstra que ainda temos falta de educação financeira. As pessoas não se organizam e, muitas vezes, recorrem ao cheque especial e ao crédito”, explica Marcela.

Atenção com credores

A economista diz que o consumidor que está devendo pode procurar a empresa responsável a qualquer momento, sem precisar que a mesma entre em contato ou promova feiras de negociação. “Mas antes disso, precisam repensar como está sua vida financeira, saber o quanto de dinheiro pode ser direcionado ao pagamento da dívida, se é possível quitar tudo à vista, quantas parcelas consigo dividir, etc são questões importantes para fazer uma contraproposta. Nem sempre o credor pode estar aberto a ceder, mas vale a tentativa de chegar a um meio termo que pode ser vantajoso para ambas as partes”, conclui.


Outros números

Do total de devedores que recuperaram crédito em janeiro, 41% residem na região Sudeste e 31% no Nordeste. Em terceiro lugar aparece a região Sul (11%), seguida do Centro-oeste (8%) e Norte (6%).