Depois de uma eleição histórica, Romeu Zema (Novo) foi eleito o governador de Minas Gerais. Durante o período eleitoral, o então candidato tinha poucas intenções de voto – algumas pesquisas realizadas antes do pleito apontavam o araxaense com menos de dois dígitos – mas, após declarar apoio a Jair Bolsonaro (PSL), no último debate televisionado, ganhou força com o povo mineiro.
Outro fato que fez da vitória de Zema memorável foi ter derrotado dois ex-governadores do Estado, o senador Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), que tentaram se reeleger. Além disso, o novo comandante do executivo estadual ganhou com uma boa margem de distância, ele ficou com 71,8% dos votos válidos, enquanto o tucano obteve 28,20%.
Os desafios de Zema
Além da vontade de mudança, um dos principais fatores que impulsionou a vitória de Zema foi seu prestígio como empresário e a busca dos mineiros por sanar as contas do Estado, que já prejudicam tanto os servidores quanto inúmeras cidades do interior.
Segundo relatório divulgado pela equipe de transição do governador eleito, coordenado por Mateus Simões, vereador licenciado do Novo, o maior problema seria o gasto com o pessoal. O diagnóstico fez uma análise das finanças de Minas Gerais, dos gastos com a folha de pessoal e execução de políticas públicas.
O estudo apontou o crescimento de 36,9% nas despesas com pessoal, entre 2014 e 2017, sendo que, no mesmo período, a arrecadação cresceu apenas 23,3%. Ademais, os gastos com inativos também aumentaram de 39%, em 2014, para 41%, em 2017.
Outro dado levantado pela equipe é o acúmulo de R$ 7,5 bilhões em restos a pagar de anos anteriores, sendo que novembro já haviam sido empenhados R$ 82,3 bilhões de despesas, dos quais somente foram pagos R$ 71,2 bi, o que representa um débito em aberto de R$ 11,5 bi. Além desses valores, somam-se ainda a falta de repasses para a Educação junto a Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), de R$ 2,1 bilhões.
Por isso, estima-se que o governo feche o ano com débitos superiores a R$ 20 bilhões. E, caso o 13° não seja pago, esses valores podem chegar a R$ 25 bilhões.
Governador
Romeu Zema é natural de Araxá, cidade do Triângulo Mineiro, tem 54 anos e é pai de dois filhos. Formou-se em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Em 1991, assumiu o controle das Lojas Zema e foi responsável pelo salto que levou a rede varejista de quatro unidades em Minas Gerais para 430 lojas nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Espírito Santo. Atualmente, Zema é membro do Conselho do Grupo Zema, composto por empresas que operam nos ramos de varejo de eletrodomésticos e móveis, distribuição de combustível, concessionárias de veículos, serviços financeiros e autopeças. Durante a campanha, ele afirmou empregar 5 mil funcionários diretos e aproximadamente 1.500 indiretos.
Uma peça-chave
Paulo Eduardo Rocha Brant é engenheiro civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), economista formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG). Possui pós-graduação em Economia e Especialização em Estratégia Empresarial. Ele foi professor e pesquisador do Departamento de Ciência da Computação da UFMG de 1976 a 1979; do Departamento de Economia da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG (1980 – 1994) e da Faculdade de Ciências Econômicas da PUC/MG (1980 – 1994). Atuou como diretor-presidente da Celulose Nipo-Brasileira S/A (Cenibra), foi secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais, diretor-superintendente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e chefe de Gabinete do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Além disso, atuou também como superintendente-executivo de Relações Institucionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) de dezembro/2016 a maio/2018.
O rito da posse
No dia 1º de janeiro de 2019, a partir das 9h, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) dará posse ao governador Romeu Zema e ao seu vice, Paulo Brant. Eles chegarão à ALMG pelo Hall das Bandeiras, passarão por um corredor formado pelos Dragões da Inconfidência, grupamento de honra da Polícia Militar do Estado e serão recebidos por uma comitiva de deputados.
Juntos, passarão por prefeitos, vice-prefeitos e presidentes de câmaras municipais e se encaminharão até o Plenário, onde Zema e Brant serão saudados pela cúpula de aço de cadetes do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Em seguida, haverá a execução do Hino Nacional.
Durante a cerimônia, o governador eleito e seu vice entregarão suas declarações de bens ao presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (MDB), que conduzirá a solenidade. Depois será firmado o compromisso constitucional, com leitura do termo de posse, assinado por ambos. O deputado Adalclever Lopes os declarará empossados. Eles também receberão exemplares das Constituições Federal e Estadual.
Neste momento, ocorrerá a transmissão do cargo de governador, antes realizada no Palácio da Liberdade, a principal novidade da programação da solenidade de posse, que terá ainda discursos do novo governador e do presidente da ALMG.
Conheça o Novo
Fundado em 12 de fevereiro de 2011 por 181 pessoas sem carreira política e de diferentes estados do Brasil, o Novo tem como principal bandeira o liberalismo econômico e, durante as duas campanhas políticas nas quais participou, se destacou por não utilizar dinheiro oriundo do fundo partidário para financiar os seus candidatos.
Em sua estreia, nas eleições de 2016, elegeu quatro vereadores, em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. Para as eleições de 2018, tiveram 409 candidatos em 18 estados e no Distrito Federal, sendo que elegeram 11 deputados estaduais, 1 distrital e 8 federais no primeiro turno. Na candidatura à presidência, João Amoêdo ficou com quase 3% dos votos válidos, atrás de Geraldo Alckmin (PSDB) e à frente de Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB).
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