O governador Romeu Zema (Novo) teve uma experiência negativa há dois anos, quando tentou indicar o deputado Roberto Andrade (PRD) à presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), mas não obteve sucesso. Este ano, o chefe do Executivo não quis arriscar e declarou apoio à reeleição do deputado Tadeu Martins Leite (MDB), cujo pleito para escolha da Mesa Diretora acontecerá na primeira quinzena de dezembro.
Desde o notório episódio, Zema faz uma administração sem mácula, mas, não tem se revelado um bom articulador político. Consta que o movimento político do governador é sempre acompanhado de perto pelo Partido Novo, sigla reconhecidamente com viés ideológico de direita. Constata-se, porém, resultados inexpressivos quanto ao número de cadeiras ocupadas na ALMG, o que também se verifica na recente eleição às prefeituras de Minas, onde o Novo ficou em um dos últimos lugares.
Onda bolsonarista
Por volta de junho de 2019, em pleno período de pré-campanha, o hoje governador confessava a amigos a sua falta de apetite para se envolver em política, pois o interesse do grupo era turbinar campanhas de candidatos que à época, ou seja, na eleição de 2020, pleiteavam vagas tanto na Câmara Federal como no Parlamento mineiro.
Zema surfou na onda fortíssima do bolsonarismo e foi eleito, deixando para trás o líder nas pesquisas, o então candidato Antonio Anastasia. Recentemente, diante da polarização política nacional, o nome do governador mineiro é sempre mencionado como uma das alternativas para disputar a Presidência da República, embora o assunto ainda não tenha sido discutido de maneira mais pormenorizada.
Entusiasmado com essa vereda oportunizada por conta do embate entre lulismo e bolsonarismo, Zema ensaiou passos mais largos. Foi quando resolveu concordar com a pressão do seu partido, na indicação da sua secretária de Planejamento, Luísa Barreto, para ser candidata a vice de Mauro Tramonte (Republicanos) na disputa pela Prefeitura de BH. Muito insossa, sem popularidade e apoio logístico, Luísa não teria acrescentado quase nada ao projeto em questão.
No segundo turno, o chefe do Executivo mineiro declarou apoio ao candidato Bruno Engler (PL), mas a sua pretensão de resultado positivo não se registrou. Ao longo da campanha às prefeituras, ele fez incursões por vários municípios fora de Minas, na tentativa de se postar como um líder político nacional. Contudo, o resultado prático desse seu roteiro pelo país não foi de grande valia, tendo, segundo consta dos bastidores, conquistado apenas uma vitória no município de Taubaté, mas em compensação sem êxito em Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Corumbá, entre tantas outras localidades.
Mirando o futuro, o dirigente já está alardeando o seu incondicional apoio ao nome de seu vice, Professor Mateus Simões (Novo), para disputar o Governo de Minas, em 2026. Ambos estiveram presentes em um recente evento na fazenda do presidente da Faemg, Antônio de Salvo, em Curvelo, e anunciaram o início dessa caminhada para continuarem no comando do Palácio Tiradentes. Observadores políticos perceberam que o certame tinha majoritariamente a presença de grandes produtores rurais, sendo que alguns sequer são eleitores em Minas.