A complexa situação financeira dos clubes mineiros, especialmente a do Cruzeiro, é de conhecimento geral, porém, essa realidade no cenário esportivo não tem acontecido só aqui no estado. Na verdade, existem grandes times, como Flamengo, Palmeiras e tantos outros vivendo uma completa situação de penúria. Isso tem alimentado um debate mais pormenorizado no tangente à lei, possibilitando a implementação dos Clubes Empresas já a partir da próxima temprada em 2022.
Seria uma espécie de salvação da estrutura carcomida do mundo do futebol em nosso país ao longo de anos, onde os dirigentes sempre levaram vantagens, inclusive, conquistando eleições parlamentares e se valendo do prestígio das instituições para se projetarem. Enquanto nos bastidores, suas respectivas administrações sempre eram relegadas ao segundo plano. A rigor, a questão da desorganização dos clubes tem alimentado manchetes dos jornais por quase cem anos, porém, os seus autores fazem ouvidos de mercadores. Um vexame, diga-se de passagem.
Mas a lei prevendo a criação do Clube Empresa pode encontrar resistência em nosso estado. A própria Federação Mineira de Futebol (FMF) teme perder prestígio. Para além deste fato, a influência do ex-todo-poderoso coronel José Guilherme Ferreira na FMF é notória. Ele, o patriarca, administrou a Federação por anos a fio, especialmente após a ditadura militar de 1964.
Desde então, quando o coronel se afastou, a família ou prepostos dele foram indicados à presidência da FMF. Essa sequência hereditária se mantém até hoje com o dirigente atual, Adriano Aros, neto do coronel José Guilherme Ferreira. Aros tem fortes tentáculos políticos, pois é parente de deputados federais e estaduais, bem como de vereadores da capital mineira.
Visando a sua perpetuação no posto, o presidente Adriano Aros já se articula para ingressar em mais uma eleição. No entanto, o diretor do Betim Futebol Clube, Frederico Pacheco, também participa da disputa, naturalmente, em oposição ao atual líder. De imediato, o seu advogado Thiago Paiva começa a colocar em suspeição a lisura do processo para estabelecer as regras da votação. Segundo avaliação do causídico, houve articulação com a finalidade de colher assinaturas de representes de clubes antes mesmo da publicação do edital, o que não tem respaldo legal.
Diante desta denúncia, o grupo de oposição promete levar essa peleja até o fim, inclusive, se necessário, irá recorrer às barras do Poder Judiciário para garantir um ambiente límpido e uma eleição sem possibilidade de questionamentos futuros. Aliás, estão mantendo contato com todos os sócios com direito a votos, especialmente, no interior do estado.