Home > Destaques > 49 milhões de mulheres ainda não têm acesso a saneamento básico

49 milhões de mulheres ainda não têm acesso a saneamento básico

Foto: Freepik.com

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua de 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 3,5 milhões de mulheres passaram a viver em domicílios com abastecimento de água potável entre 2019 e 2023, alta de 3,8%. No mesmo período, 4,6 milhões obtiveram acesso à rede de esgoto. Já a cobertura de coleta e tratamento de esgoto passou de 67% em 2019 para 69,1% em 2023.

92,3% das mulheres no Sudeste têm acesso à rede de abastecimento de água e 90,2% à rede de esgoto. Em contrapartida, no Norte, 60,8% contam com água tratada, e 31,7% dispõem de tratamento de esgoto. Para discutir esse cenário, o Edição do Brasil conversou com a diretora-executiva da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON SINDCON), Christianne Dias.

Como o setor privado tem contribuído para ampliar o acesso ao saneamento básico?
A entrada de novas concessionárias privadas, com concessões e parcerias público-privadas, acelerou investimentos e ampliou redes de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Isso beneficiou milhões de mulheres que antes viviam sem acesso adequado a esses serviços essenciais.

Cerca de 15 milhões de mulheres ainda vivem sem água encanada e 34 milhões sem coleta e tratamento de esgoto. Quais os desafios para a universalização do saneamento, especialmente na região Norte?
O Brasil enfrenta desafios diversos devido às diferenças geográficas, socioeconômicas e culturais. No Norte, comunidades ribeirinhas e localidades de difícil acesso impõem obstáculos adicionais à implantação da infraestrutura. A dispersão populacional e fatores ambientais tornam a expansão dos serviços mais desafiadora. Além disso, a baixa renda per capita aumenta a complexidade desse processo.

O Marco Legal do Saneamento estabeleceu a meta de garantir água potável para 99% da população e tratamento de esgoto para 90% até 2033. O setor está no caminho para atingir essas metas?
Desde a promulgação do marco, os investimentos cresceram, viabilizando projetos de expansão e modernização dos serviços de água e esgoto. Para cumprir os prazos, é essencial manter esse ritmo e garantir a continuidade dos projetos em andamento. A colaboração entre os setores público e privado, aliada a um planejamento eficaz, será fundamental para alcançar a universalização do saneamento.

A falta de saneamento impacta diretamente a vida das mulheres. Quais medidas vêm sendo adotadas para reduzir esses impactos?
A precariedade do saneamento afeta desproporcionalmente as mulheres, aumentando sua carga de trabalho doméstico e limitando suas oportunidades sociais e econômicas. Muitas são responsáveis por buscar água quando o abastecimento não está disponível, reduzindo tempo para trabalho ou estudo. Projetos que priorizam a ampliação da infraestrutura em comunidades vulneráveis e programas de educação sanitária vêm sendo implementados. No entanto, a universalização do saneamento continua sendo a principal solução para melhorar as condições de vida das mulheres brasileiras.

Como a inovação e a tecnologia têm contribuído para acelerar o acesso ao saneamento?
A modernização do setor tem tornado o saneamento mais eficiente e sustentável. Sensores inteligentes monitoram redes, inteligência artificial detecta vazamentos e softwares otimizam a gestão operacional. Soluções móveis garantem abastecimento em períodos críticos. Além disso, ações de eficiência energética e geração de energia renovável ajudam a reduzir custos e minimizar impactos ambientais, acelerando a universalização do saneamento no país.