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10ª edição do CURA transforma Praça Raul Soares em galeria a céu aberto

Foto: Reprodução/Cura

A 10ª edição do Circuito Urbano de Arte (CURA) teve como ponto de partida a Praça Raul Soares, conhecida afetuosamente como “Raulzona”, onde acontece uma programação cultural vibrante. Até 3 de novembro, o festival homenageia a arte pública e o fortalecimento da convivência comunitária.

Ao longo de 11 dias, o local se tornará um ponto de encontro para pessoas de todas as idades, oferecendo uma variedade de atividades, como intervenções artísticas, sessões de cinema, apresentações de slackline, shows de DJs e a instalação interativa “Brincacidade”, voltada para as crianças. Elas também poderão se deliciar com pipoca e algodão-doce. Vale lembrar que a programação pode sofrer alterações em caso de chuva.

Juliana Flores, curadora e idealizadora do CURA, explica detalhes do evento. “Partimos de dois princípios: queríamos falar sobre comunidade e trazer um line-up 100% feminino. Desde a primeira edição, o CURA busca a paridade de gênero e o protagonismo delas, mas esta é a primeira vez que todas as artistas são mulheres. E a programação foi pensada para que o público não apenas observe as obras, mas ocupe a praça, participe das atividades e desfrute do espaço”.

Na abertura do festival, aconteceu a exibição do documentário “Pele”, que estreou no final do ano passado e foi parcialmente gravado em Belo Horizonte. “O filme faz muito sentido para o CURA porque fala da ‘pele’ que veste as cidades, grafites, pichações, cartazes, sinalizações. É uma reflexão sobre como interagimos com esses signos urbanos”, conta Juliana.

“Trazer o cinema para a praça também reforça o conceito do festival para este ano, que coloca o espaço como essa experiência de comunidade. Queremos provocar a sociedade e o poder público para que a praça deixe de ser apenas um lugar de passagem e se torne um local de permanência, onde as crianças possam brincar e as pessoas queiram estar”, acrescenta.

O Cine Botas, um projeto de exibição de filmes que aborda o universo lésbico, é outro destaque na programação. “Como o CURA está trazendo o tema das comunidades sob a perspectiva das mulheres (mulheridades, infâncias e velhices) e promovendo o protagonismo feminino, faz todo sentido incluir uma sessão de cinema com curadoria voltada para a história das mulheres lésbicas. A parceria com o Cine Botas traz filmes que dialogam com essa temática, e será uma experiência muito rica para o público”.

Mulheres

A artista belo-horizontina Clara Valente é a anfitriã da vez e recebe a artista indígena Liça Pataxoop, educadora e liderança da aldeia Muã Mimatxi, em Itapecerica (MG) e Bahati Simoens, artista nascida no Burundi, com descendência congolesa e belga e hoje radicada na África do Sul. “O Tempo Grande das Águas é o primeiro tempo do mundo. É o tempo do começo de todas as coisas, todas as histórias. É o tempo da inteligência, da sabedoria e do conhecimento. É o tempo da grande água que deu origem ao nosso povo Pataxoop”, explica Liça sobre como nomeou a obra que irá realizar no CURA, no Edifício Leblon.

Na Raul Soares, o Edifício Leblon passará por uma transformação, tornando-se um amplo espaço natural, com plantas, fauna, um rio e rochas. A proposta de Liça é proporcionar à cidade uma experiência de aprendizado sobre a vida, baseada nos recursos que oferecem à vida. “Se você derruba a natureza, espera que, mais cedo ou mais tarde, ela te derrubará, sempre e sempre. Tem vento que a gente se aquieta, não fala nada, só reza com o coração. Tem vento que a gente canta, ele vem brando, refrescando e sombreando a terra, indicando que a gente precisa fazer ritual para as sementes, para ouvir suas palavras que vem da terra, das grandes matas, dos animais e do seu espalhar”.

Compondo o time de artistas ao lado de Liça e Clara, está Bahati Simoens, que ficou responsável por pintar o Edifício D’Ávila com a obra “Você não pode chorar se está rindo”.