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Diabetes tipo 1 afeta mais de 90 mil crianças e adolescentes

Brasil ocupa terceiro lugar no ranking da doença no mundo / Foto: Freepik.com

De acordo com o Atlas da Federação Internacional de Diabetes, 92.300 crianças e adolescentes têm diabetes tipo 1 no Brasil. Assim, o país fica em terceiro lugar no ranking de incidência dessa doença no mundo, ficando atrás apenas da Índia (229.400) e dos Estados Unidos (157.900). Conforme o Ministério da Saúde, em 2020, cerca de 1,1 milhão de pessoas desse público foram diagnosticadas com a enfermidade.

Ainda conforme o órgão, aproximadamente 20 em cada 100 mil crianças e adolescentes podem desenvolver diabetes por ano. A doença é causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. O aumento da glicemia causa complicações no coração, artérias, olhos, rins e nervos. Em casos mais graves, pode até levar à morte.

O médico endocrinologista e presidente da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), Ronaldo Pineda Wieselberg, pontua que os dados mostram que é preciso um esforço conjunto, envolvendo políticas públicas, e principalmente a conscientização da população. “Cada um deve fazer a sua parte, já que os riscos estão diretamente ligados a hábitos que temos no dia a dia. Por outro lado, precisamos também de mais suporte para diagnóstico precoce e tratamento adequado, visando reduzir impactos”.

A médica pediátrica do Saúde no Lar, Claudia Drumond, explica que a diabetes tipo 1 é a mais comum entre crianças e adolescentes porque é uma doença autoimune. “Nessa condição, o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas que produzem insulina, geralmente em indivíduos geneticamente predispostos. A maioria dos casos se manifesta na infância ou na adolescência, entre os 4 e 14 anos de idade. Esse período coincide com uma fase de maior vulnerabilidade imunológica”.

“Os sintomas mais comuns incluem sede excessiva (polidipsia), aumento da frequência urinária (poliúria), perda de peso inexplicada, cansaço extremo e fome excessiva (polifagia). Em casos mais graves podem ocorrer náuseas, vômitos, dores abdominais e respiração profunda e rápida”, acrescenta.

A doença

Segundo Claudia, os principais fatores de risco incluem predisposição genética, histórico familiar de diabetes tipo 1 e a presença de outras doenças autoimunes. “Causas ambientais, como infecções virais, também podem contribuir para o desencadeamento da doença em indivíduos suscetíveis”.

Ela ainda ressalta que não existe cura para a enfermidade. “O tratamento envolve a administração diária de insulina, monitoramento frequente dos níveis de glicose no sangue, dieta balanceada e prática regular de atividade física. Em alguns casos, a terapia com bomba de insulina ou transplante de pâncreas pode ser considerada”, complementa.

A profissional ainda ressalta que não há métodos comprovados para prevenir a diabetes tipo 1. “Pesquisas estão em andamento para entender melhor os fatores desencadeantes e possíveis intervenções preventivas. Mas, se não for adequadamente controlada, a enfermidade pode levar a complicações graves, como doenças cardíacas, nefropatia, neuropatia, retinopatia e cetoacidose diabética, uma condição potencialmente fatal”.

Para finalizar, Claudia ainda faz um alerta. “Embora a diabetes tipo 2 seja mais comum em adultos, o número de casos entre crianças e adolescentes também está crescendo, principalmente devido ao aumento da obesidade infantil, sedentarismo e má alimentação”.