O prolapso genital é a descida ou queda da parede vaginal anterior, posterior ou do ápice vaginal em mulheres que já não possuem útero. É uma condição que causa desconforto e impacta na qualidade de vida da paciente. No Brasil, a falta de dados epidemiológicos específicos pode dificultar a obtenção de números exatos. Mas, de acordo com o Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados do Reino Unido, os sintomas da condição estão presentes em até 50% das mulheres que são submetidas aos exames físicos.
“Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento do prolapso são a idade acima de 60 anos, obesidade, múltiplos partos vaginais, principalmente com o uso de fórceps, doenças genéticas de defeito do colágeno e condições que aumentam a pressão intra-abdominal, como tosse crônica”, explica Liv Braga, médica e membro da diretoria da Associação dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig).
A doutora destaca que os sintomas mais comuns do prolapso genital incluem uma sensação de peso na região vaginal e a percepção de uma massa ou “bola” que sai pela vagina. “Eles causam grande desconforto para as pacientes. Dependendo do tamanho do prolapso, pode haver dificuldades para evacuar, infecções urinárias recorrentes e retenção de urina na bexiga. O impacto dos sintomas sexuais pode ter correlação com o estágio do prolapso, sendo mais frequente naqueles de maior grau. Entretanto, para algumas pacientes mesmo em pequeno grau, o desconforto pode causar impacto negativo na vida sexual”.
“O prolapso é habitualmente diagnosticado através do exame ginecológico de rotina com a observação da procidência da parede vaginal anterior, posterior ou útero pelo introito/abertura da vagina. A observação pode ser direta ou após a realização de manobra de esforço da paciente”, completa.
Segundo a médica, as opções de tratamento variam de acordo com a gravidade do caso e as condições de saúde da paciente. “Para aquelas com risco cirúrgico aumentado ou que preferem evitar cirurgia, tratamentos conservadores como fisioterapia para fortalecimento do assoalho pélvico ou o uso de pessários vaginais podem ser eficazes. Esses dispositivos ajudam a manter os órgãos pélvicos no lugar. No entanto, o tratamento mais eficaz para casos graves é a cirurgia, que corrige o prolapso e pode envolver o uso de telas para reforçar a estrutura vaginal”.
Liv ressalta que as cirurgias habitualmente podem se associar a sangramentos, infecções e no caso dos prolapsos, a recorrência pode ocorrer em uma pequena parte das pacientes operadas. “Nas gestantes temos mudanças fisiológicas no tecido conjuntivo e nas estruturas de sustentação dos órgãos pélvicos, sendo assim neste período não são recomendados os procedimentos cirúrgicos. Entretanto o treinamento da musculatura do assoalho pélvico pode ajudar no fortalecimento e reduzir o risco de piora”, acrescenta.
A especialista destaca que algumas medidas podem reduzir os riscos. “Fortalecer a musculatura do assoalho pélvico através de fisioterapia e exercícios específicos durante a vida, manter um peso saudável e tratar condições que aumentam a pressão abdominal, como constipação e tosse crônica, podem ajudar. E embora não haja evidências claras de que um tipo específico de parto previna o prolapso, evitar o uso de fórceps, quando possível, pode ser benéfico”.
Casos
Em outubro do ano passado, a condição ganhou destaque nas redes sociais após um vídeo divulgado pela jornalista Marília Gabriela. A apresentadora revelou publicamente a cirurgia que teve que enfrentar devido ao prolapso genital e disse ter tido uma recuperação pouco agradável.