No evento de inauguração das novas instalações da Associação Mineira de Municípios (AMM), o secretário de Estado de Governo, deputado Gustavo Valadares, fez um discurso de aproximadamente 20 minutos, conclamando, ou melhor, quase implorando pelo apoio dos prefeitos ao projeto de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que está em debate no âmbito da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
No apelo junto aos representantes das prefeituras, o secretário alegou que se o projeto encabeçado pelo Executivo não for votado, haverá dificuldades no repasse de alguns valores aos municípios ficariam no próximo ano por falta de dinheiro em caixa.
Chantagem à parte, Valadares argumentou: “não podemos ficar à mercê da proposta alternativa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD)”. A fala do representante do governo mineiro parece não ter agradado tanto, diante de pouquíssimas palmas.
Apoio popular
Durante os cinco anos em que se tornou político, o governador Romeu Zema (Novo) sempre foi defendido pelos funcionários públicos, certamente por conta de ter conseguido colocar os salários em dia, depois de muito tempo com atrasos na folha de pagamento. No entanto, essa espécie de lua de mel, com os cerca de 600 mil servidores parece estar chegando ao fim.
A razão está no Projeto de Lei (PL) enviado ao Parlamento mineiro, propondo a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal do governo federal. Nas entrelinhas da matéria em discussão, existe uma série de pormenores, inclusive, o corte de vantagens e aumentos salariais reais acima da inflação por um período de nove anos.
Por conta dessa realidade, foi um mês de intensas manifestações de professores e trabalhadoras de outros setores, com atos públicos reunindo milhares de participantes. Todo esse cenário tem culminado em uma espécie de “panela de pressão” contra os deputados, no sentido de votarem não na proposta do governo mineiro.
Agora, certamente sem apoio popular por causa do encaminhamento do tema, nos bastidores do Legislativo, o governo mineiro está se alinhando aos prefeitos, visando facilitar a possível aprovação do texto. Vale dizer que os gestores municipais, pressionados pelo Palácio Tiradentes, estão sendo obrigados a ficarem contra os servidores, mesmo em um ano pré-eleitoral.