Segundo dados da pesquisa feita pelo Instituto para Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), dos Estados Unidos, e publicado pelo periódico The Lancet Rheumatology, 15% da população mundial, com mais de 30 anos, tem osteoartrite, também conhecida como artrose. E esse número tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas. O estudo indica que a doença pode afetar quase 1 bilhão de pessoas até 2050, especialmente nos quadros com acometimento de joelhos e quadril.
Os casos, em todo o mundo, aumentaram cerca de 132%. Em 1990, 256 milhões de pessoas tinham a doença; em 2020, 595 milhões. Conforme o levantamento, em 2020, a obesidade foi responsável por 20% dos quadros de incapacidade provocados pela enfermidade. No mesmo ano, a osteoartrite foi a sétima causa de incapacidade em pessoas acima de 70 anos. Os pesquisadores analisaram a prevalência da patologia em 204 países.
O ortopedista especializado em coluna vertebral, Daniel Oliveira, explica o impacto desses números na sociedade. “Existem implicações significativas, especialmente considerando o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida. É possível que traga desafios econômicos associados ao tratamento médico, cirurgias, medicamentos e reabilitação; e sobrecarga dos sistemas de saúde, que cause atrasos no atendimento e aumente os custos com a prestação de serviços”.
“Diante desse cenário, a prevenção da osteoartrite se torna ainda mais crucial. É fundamental que sejam fomentadas estratégias que promovam estilos de vida saudáveis, incluindo exercícios regulares, alimentação equilibrada, manutenção do peso, além da conscientização e educação da população com relação à doença”, pontua.
Artrose
Oliveira explica que a artrose é uma condição médica degenerativa das juntas. “É caracterizada pela deterioração progressiva da cartilagem que reveste as extremidades dos ossos, levando a sintomas como dor, inchaço, rigidez e perda de função nas áreas afetadas. Ela pode acontecer em qualquer articulação do corpo, porém, é mais comumente observada nos joelhos, quadris, mãos e coluna vertebral”.
Ele esclarece que a enfermidade é causada por alguns fatores. “Tais como o envelhecimento, já que, à medida que os anos avançam, a cartilagem articular tende a se deteriorar naturalmente por conta do desgaste sofrido ao longo do tempo; lesões anteriores, como fraturas, ligamentos rompidos ou outras lesões traumáticas; sobrecarga ou atividades físicas de alto impacto e repetitivas; predisposição genética; obesidade, pois o excesso de peso coloca uma carga adicional, acelerando o desgaste da cartilagem; condições médicas, como artrite reumatoide, gota ou distúrbios metabólicos; e a falta de exercícios físicos”.
O médico destaca ainda que a patologia é uma condição que pode afetar todas as idades, sendo mais comum em adultos mais velhos. “A maioria das pessoas começa a apresentar sintomas após os 50 anos, embora a degeneração da cartilagem possa começar muito antes disso. A artrose tende a afetar mais frequentemente as mulheres do que os homens, especialmente após a menopausa”.
Segundo o especialista, o tratamento varia de acordo com a gravidade da lesão e tem como objetivo aliviar a dor, melhorar a função e retardar a progressão da doença, já que não existe cura. “Normalmente, o recomendado é uma abordagem multidisciplinar que pode incluir o manejo da dor, através do uso de analgésicos, anti- -inflamatórios não esteroides (AINEs), fisioterapia e exercícios para fortalecer os músculos ao redor das articulações afetadas, mudanças no estilo de vida, utilização de órteses, talas ou bengalas para ajudar a aliviar a pressão sobre as articulações afetadas e melhorar a mobilidade”.
“Além dessas medidas, temos as injeções de corticosteroides ou ácido hialurônico diretamente na articulação para aliviar a dor e inflamação e, em casos extremos, quando outras opções de tratamento não são eficazes e a qualidade de vida está comprometida, a cirurgia, como a substituição da articulação (por exemplo, do joelho ou do quadril), pode ser considerada”, conclui Oliveira.