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Brasil sobe 18 lugares no ranking mundial de liberdade de imprensa

Foto: Divulgação

 

O Brasil subiu 18 lugares no ranking mundial de liberdade de imprensa, passando da 110ª colocação para o 92º lugar, segundo relatório da organização não governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Porém, a situação ainda é considerada problemática. A entidade atribui a melhora na posição à saída de Jair Bolsonaro (PL) do poder, que “atacou sistematicamente jornalistas e veículos de comunicação”, diz o relatório.

A situação no mundo também segue preocupante. Dados das Nações Unidas, citados pelo jornal britânico The Guardian, indicam que 85% dos habitantes do planeta vivem em países onde a situação da liberdade de imprensa e de exercício do jornalismo regrediram nos últimos cinco anos. Para discutir o assunto, o Edição do Brasil conversou com a presidenta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Lina Rocha.

 

Qual a importância da liberdade de imprensa para a sociedade?

É um dos pilares da democracia. Isso porque a liberdade de imprensa garante uma sociedade justa, com políticas sociais sólidas e permanentes. Uma imprensa livre é capaz de questionar, criticar e repensar padrões, promovendo mudanças estruturais, tanto na criação de políticas públicas de impacto econômico, quanto em relação a aspectos sociais.

Qual é o papel de uma imprensa livre?

Uma imprensa livre produz informações de interesse social, monitora o poder público, fiscaliza se as leis estão sendo cumpridas de maneira igualitária, leva a comunicação a todos os cidadãos brasileiros, em diversas regiões, garantindo a pluralidade, de forma democrática. Acredito que a comunicação é um dos direitos humanos.

Há uma desvalorização da imprensa no país?

O que existe é a tentativa de descredibilizar a imprensa com a publicação de fake news e desinformação, com objetivo claro de que jornalistas e veículos sérios sejam desmoralizados na tentativa de criar novas versões irreais sobre fatos, manipulando informações reais em detrimento de mentiras. Assim, cria-se uma “verdade paralela”, que interessa a quem é alvo de críticas e denúncias.

No ranking mundial, o Brasil subiu 18 lugares. A que você atribui essa melhora?

Ainda estamos longe do ideal, mas é importante que esse avanço seja visto como um estímulo para uma melhoria constante. Durante 4 anos do governo de extrema direita, do Bolsonaro, houve um crescimento na escalada da violência no Brasil, com estímulo a todo tipo de agressão a jornalistas, inclusive pelo próprio presidente da república. Vivemos momentos de muita tensão, com denúncias permanentes em todos os sindicatos do país, acompanhados pela Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj). Essa escalada impactou diretamente na liberdade de imprensa, que sofreu com censura e prática de desinformação.

Acredito que esse crescimento no ranking demonstra uma recuperação impactada pela saída desse modelo de extrema direita do comando nacional, que teve como consequência a queda desses ataques, que continuam, mas em escala menor. Isso só reforça que a uma imprensa livre é sinal de uma democracia forte.

O que pode ser feito para que o país continue evoluindo de posição e a imprensa seja mais respeitada?

Uma legislação forte que garanta esse exercício da imprensa livre. A punição daqueles que praticam a censura e que ferem essa liberdade. O Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e a Fenaj têm como pauta prioritária a “PEC do diploma”, que defende a volta da sua obrigatoriedade para o exercício profissional de jornalista. Uma formação sólida, baseada em pilares, como a ética e a valorização da profissão, certamente irão impactar na prática diária do jornalismo, com apuração séria e pautada na verdade. A exigência do diploma garante uma imprensa fortalecida e organizada, capaz de resistir com mais firmeza e segurança aos ataques contra a liberdade.