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Brinquedos fabricados por detentos são doados para crianças em Minas Gerais

Itens são confeccionados com madeira, linhas de crochê e tecidos – Foto: Sejusp

Com a proximidade do Dia das Crianças, um projeto da Polícia Penal, denominado “Fábrica da Alegria”, chama a atenção. Os detentos do sistema prisional mineiro produzem brinquedos, com madeira, linhas de crochê e tecidos, que são destinados à doação, através do programa. A distribuição acontece em escolas, creches, orfanatos, hospitais e brinquedotecas instaladas nos Núcleos de Assistência à Família (NAF) e de entidades assistenciais que atendem crianças em situação de vulnerabilidade social.

Somente no primeiro semestre deste ano, foram produzidas 6.670 unidades. Em 2022, os detentos fabricaram um total de 8.645 brinquedos. No geral, participam do projeto 63 custodiados. Os itens variam de carrinhos e jogos de encaixe a maquetes de pista, quebra-cabeças, amigurumis e casinhas de boneca. Além disso, são fabricados objetos lúdicos e outros brinquedos pedagógicos. O programa completou cinco anos em agosto e toda a produção acontece em sete fábricas.

A primeira a receber esse projeto foi a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Além dela, o programa está presente, atualmente, no Presídio de Lavras; Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba; Presídio de São Joaquim de Bicas II; Penitenciária Agostinho de Oliveira Júnior, em Unaí; Penitenciária de Três Corações e o Presídio de Coronel Fabriciano.

De acordo com o diretor de trabalho e produção do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), Paulo Duarte, o projeto “Fábrica da Alegria” é uma das ações de ressocialização por meio do trabalho no sistema prisional. “Essa ação, além da remição de pena e ressocialização dos internos, conta com um viés social de transformar itens que seriam descartados em brinquedos lúdicos e pedagógicos. Dessa forma, a Polícia Penal cumpre o seu papel central de ressocializar, custodiar e fomentar o trabalho para garantir a segurança e o bem-estar da população”.

Ele destaca ainda que o programa foi uma iniciativa da Diretoria de Trabalho e Produção, por meio da Superintendência de Humanização do Atendimento. “O nosso objetivo é ter uma oficina em cada uma das 19 Regiões Integradas de Segurança Pública (Risp) de Minas Gerais”.

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Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), os materiais utilizados para a confecção dos brinquedos são advindos de doações de instituições parceiras e de apreensões de madeiras realizadas pelo Poder Judiciário e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que foram extraídas de forma ilegal por criminosos.

Além da produção dos objetos, os custodiados também são responsáveis pela pintura, acabamento e embalagem dos itens. Pelo trabalho realizado, os detentos recebem remição de pena, quando a cada três dias trabalhados é reduzido um dia na sentença, um benefício garantido por lei e aplicado pelo Judiciário.

O reeducando Denis Alves da Silva, recluso no Presídio de Lavras, afirma que essa iniciativa é uma oportunidade dos custodiados se reinserirem na sociedade, por meio trabalho, e ajudar a quem precisa. “Essa ação é muito importante e gratificante para nós, presos, pois, além de fazer a alegria das crianças, temos a oportunidade de nos profissionalizar, ressocializar e trabalhar em favor da sociedade, fazendo o bem”.

Conforme a instituição, no Dia das Crianças do ano passado, foram distribuídos três mil brinquedos para jovens em situação de vulnerabilidade social. Houve entregas em Teófilo Otoni e Nanuque, no Vale do Mucuri; Governador Valadares, no Vale do Rio Doce; e em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.