Em um estudo publicado em março de 2022, pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, descobriram como uma substância liberada pela placenta, após o exercício físico (a enzima SOD3), traz melhorias para o feto a ponto de anular os efeitos da obesidade materna e de dietas inadequadas. Inclusive, essa molécula é capaz de impedir anormalidades induzidas por hábitos ruins da mãe no metabolismo da glicose do bebê, diminuindo a probabilidade de ele ter diabetes no futuro.
De acordo com o artigo, quando a gestante consome gordura e fica acima do peso ocorre uma mudança genética no filho que altera a expressão de genes que controlam o uso adequado da glicose pelo organismo. No entanto, esses efeitos nocivos são revertidos quando a mãe faz exercícios regularmente. Experimentos com a manipulação genética da enzima SOD3 placentária revelaram que ela é indispensável para a proteção do feto.
Segundo a personal trainer, Priscila Carvalho, que acompanha o treino de gestantes, o sistema imunológico muda durante a gestação. “O corpo sofre alterações hormonais e, como consequência, as defesas costumam ter baixas, o tornando mais propenso a resfriados, gripes, infecções e outras doenças. Por isso, mulheres grávidas podem e devem se exercitar, mas sempre com o aval do obstetra”, diz.
Priscila esclarece que a prática traz diversos benefícios, dentre eles evitar os desconfortos causados pelas alterações fisiológicas e anatômicas sofridas na gestação, controlar o peso e prevenir a depressão pós-parto e doenças como o diabetes gestacional. Ela acrescenta que o feto também tem ganhos. “Desenvolve a circulação da placenta e, como consequência, o bebê recebe mais oxigênio e nutrientes, além de que como a prática melhora a imunidade da gestante, ela e a criança se tornam menos propensas a patologias”.
Camila Santos, que está no quinto mês de gravidez, conta que já praticava corrida e musculação. “Já é algo que estou acostumada e, hoje, corro três vezes por semana, cerca de 30 minutos”.
Sobre a musculação, ela afirma que acredita ser importante, mas que sua obstetra aconselhou a fazer menos esforço. “Eu diminuí a intensidade dos exercícios, reduzindo os pesos para evitar a sobrecarga da coluna, joelhos, tornozelos e assoalho pélvico”.
Ela ressalta que além do físico, os exercícios a ajudam também mentalmente. “Eu sinto que atividade física me deixa mais centrada e organizada na vida, quando engravidei não quis parar, pois não é fácil para todas as mulheres passarem por esses 9 meses”.
Para Priscila, as atividades recomendadas dependem do nível da gestação. “No primeiro trimestre o corpo está se adaptando às mudanças e nessa fase a gestante não deve fazer exercícios de alta intensidade. Por isso, indicamos que priorizem treinos de mobilidade, alongamento e fortalecimento muscular”.
Já no segundo trimestre, o corpo sofre alterações preparando-o para o parto, dentre elas o relaxamento dos ligamentos e articulações. “A mulher começa a ganhar peso e é nessa fase que surgem as dores na lombar e nas juntas. Deste modo, a gestante deve manter os exercícios de fortalecimento muscular e de mobilidade e evitar os de impacto”.
Por fim, segundo a personal, no último trimestre, o bebê está crescendo bastante e o parto se aproximando, com isso a mulher precisa se preparar. “É necessário fazer fortalecimento pélvico, manter os alongamentos e focar na mobilidade de quadril. É recomendado que a prática ocorra de 3 a 5 vezes por semana, em uma média de 50 minutos por dia”, finaliza.