A Black Friday nasceu nos Estados Unidos, mas desde 2010 foi incorporada no calendário do varejo nacional e bem aceita pelos brasileiros. Neste ano, o evento acontece no dia 26 de novembro, mas durante todo o mês, o comércio do país se movimenta em torno da ocasião. De acordo com a pesquisa Black Friday Connections, encomendada à Ipsos pelo Google, 64% da população tem intenção de comprar na Black Friday de 2021.
“Este ano, a data será única e inédita em muitos aspectos, pois recebe um consumidor transformado após quase 2 anos em pandemia e, ao mesmo tempo, esperançoso com a possibilidade de voltar a vida na rua e os encontros sociais. Não será uma reedição de 2020 e nem uma retomada de 2019, mas um recomeço, pois representa a inauguração de uma nova fase, um novo jeito de comprar”, destacou Gleidys Salvanha, diretora de negócios para o Varejo do Google Brasil.
Para Victor Mota, analista do Sebrae Minas, o empreendedor tem uma grande oportunidade neste período. “Trata-se da segunda data mais importante do segundo semestre, perdendo apenas para o Natal. Ela foi criada para que grandes varejistas norte-americanos liquidassem seus estoques antigos para abrir espaço para as mercadorias que foram compradas para festa natalina. Para isso, os itens são vendidos a valores muito atrativos, até mesmo a preço de custo, se tornando um momento esperado pelos consumidores. Para aproveitá-la, é necessário ter em mente essa expectativa em criar estratégias para atender os clientes. É um excelente momento para ‘desovar’ aquele produto que ‘encalhou’ durante o ano”, explica.
O levantamento identificou dois perfis distintos de consumidor: aberto (56%) e cauteloso (44%). O brasileiro mais desafiado economicamente é aquele que, na falta de um motivo para adquirir algo e na ausência de promoções, não vai às compras. Deste grupo, 25% estão economizando para necessidades futuras e 19% só pretendem gastar se encontrarem um ótimo desconto.
Já o grupo de consumidores mais abertos (56%) conecta seus desejos de compra com a data. Destes, 37% estão economizando para obter produtos e serviços com desconto, 13% querem adquirir muitas coisas por não terem comprado no ano passado, e 6% vão aproveitar para adiantar os presentes. Segundo o estudo, este perfil não precisa ser convencido a gastar, mas ser persuadido a optar por determinada loja.
Com 20 anos de experiência em compras e marketing no segmento calçadista, a empresária Ana Paula Ribeiro, 40, já iniciou sua estratégia nas redes sociais. “É o momento de baixar o estoque, vender as pontas e o que não teve bom giro. No dia 26 preparamos uma liquidação nas lojas físicas, mas durante novembro teremos 8 noites de lives shop pelo Instagram. As pessoas querem promoções, porém, nem sempre encontram tempo para irem ao local. Estratégias on-line, em redes sociais, sites e WhatsApp são excelentes ferramentas e oportunidades para o negócio e para o consumidor”, acredita.
Para o especialista em gestão de negócios Rodrigo Campelo, é essencial que o varejo mantenha a principal característica da Black Friday. “O ponto fundamental é ser honesto com o cliente e apresentar descontos reais. Essa redução deve ser ofertada nos produtos mais vendidos. Para isso, é importante verificar a curva ABC de vendas. Abaixar o preço de mercadorias que não saem pode ser ótimo para o lojista, mas existem grandes chances de serem percebidos como enganadores pelo cliente final”, diz.
De acordo com o especialista, para ter êxito é necessário organização prévia por parte do comércio. “Negociar com fornecedores e apresentar descontos atraentes é fundamental. Oferecer parcelamento pode ser uma grande ferramenta de vendas para clientes que estão mais apertados e não querem perder oportunidades. Pensar em meios de pagamento e melhores condições também podem ser um bom negócio”, finaliza.