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Preço das passagens aéreas subiu quase 57% em um ano

Alta demanda, cotação do dólar e aumento no preço do querosene de aviação são razões para as tarifas elevadas | Foto: Divulgação/Internet

Quem pensa em viajar de avião neste fim de ano, mas ainda não comprou as passagens deve se preparar para pagar preços mais caros. É que a inflação generalizada pesou também no setor de aviação, fazendo o valor dos bilhetes disparar nos últimos 12 meses e acumular uma alta de 56,8%. É o maior aumento desde 2012, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A notícia não é animadora para a esperada retomada do turismo.

Uma série de fatores combinados deixaram as passagens aéreas mais caras. Por exemplo, a quantidade de passageiros ainda não é a mesma como antigamente. No entanto, vem subindo e, em setembro, a média de voos foi equivalente a quase 75% do que era registrado no pré-pandemia, conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Isso significa que a reabertura da economia e o aumento da demanda devido ao avanço da vacinação contra a COVID-19 contribuíram para a alta no preço dos bilhetes. De acordo com a Anac, só entre os meses de abril e junho deste ano, houve um aumento médio de 21,7% nas tarifas de voos nacionais em relação aos mesmos meses do ano passado.

“Tem um acréscimo dos custos operacionais das companhias aéreas por conta da alta da moeda americana, porque muitos contratos dessas empresas são atrelados ao dólar. E também ao avanço nos preços dos combustíveis, em particular do querosene de aviação, que subiu bastante ao longo deste ano”, esclarece Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor no IBGE.

A Anac também reforçou sobre o aumento no preço do querosene de aviação e informou que houve uma alta de 91,7% no valor do litro do combustível no segundo trimestre de 2021, em comparação a igual período de 2020. Já a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) mostrou preocupação com a valorização do dólar frente ao real, visto que a cotação da moeda americana chegando aos R$ 6 dispara os custos das empresas aéreas, que repassam esses valores aos passageiros.

Tudo mais caro

A bancária Cláudia Ribeiro vai visitar a família em dezembro e está assustada com o preço pago. “Vou do Rio de Janeiro até Brasília. São cinco pessoas na minha família. Ano passado gastei cerca de R$ 6 mil, agora, tive que desembolsar mais de R$ 10 mil no mesmo trecho que fizemos em 2020. Tem que planejar bem e comprar os bilhetes com antecedência, caso contrário, não é viável por conta dos valores absurdos”, relata.

Os passageiros também estão buscando estratégias para encontrar preços mais em conta. É o caso da advogada Priscila Botelho, que está planejando viajar no segundo semestre de 2022. “Tenho tentado achar passagens baratas durante a madrugada, pois as companhias aéreas costumam fazer promoções-relâmpago. Já consegui algumas vezes em anos anteriores, mas tem que ficar de olho quando não tem bagagem incluída. Às vezes, pagar separado para despachar pode sair até mais caro”.

Valores das tarifas

As principais companhias aéreas brasileiras destacam que a precificação segue uma série de fatores. A Azul ressalta que “a alta do dólar e do combustível, que vem ocorrendo sistematicamente, também influencia nos valores”. A Gol afirma que “disponibiliza as vendas de seus voos, em geral, 330 dias antes da partida, possibilitando, a quem se planejar com maior antecedência, adquirir passagens mais baratas”.

Em nota, a Latam salienta que, “para a definição do valor da passagem, é preciso levar em conta que 65% dos custos da empresa são dolarizados e que o combustível da aviação representa em torno de 35% das despesas”.