Sendo uma das formas de aquisição mais usada durante a pandemia, o e-commerce segue em alta. Prova disso é que o varejo digital foi a opção preferida dos brasileiros para as compras de Dia dos Pais. A data movimentou R$ 5,4 bilhões para esse tipo de comércio, um crescimento nominal de 95,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
As informações foram apuradas pela Neotrust/Compre&Confie. Segundo a análise da companhia, o montante é resultado da maior quantidade de compras feitas pela internet nessa época. Ao todo, foram 13,3 milhões, aumento de 89,4% em relação ao mesmo intervalo de tempo em 2019. O tíquete médio em 2020 foi de R$ 403,80 – valor 3,2% superior ao registrado no ano passado.
O estudo também analisou o perfil dos compradores e mostrou que pessoas de 36 a 50 anos foram as que mais fizeram compras pela web no período (respondendo por 36% de todos os pedidos realizados). Em seguida, estão os de 26 a 35 anos (31,4%) e, nas últimas posições, estão tanto os mais jovens quanto os mais velhos: consumidores de até 25 anos e os com mais de 51 anos responderam por igual porcentagem de volume de compras (16,3% cada). As categorias mais compradas em volume durante o período foram moda e acessórios, beleza e perfumaria e esporte e lazer. Já as que mais movimentaram o faturamento foram telefonia, eletrodomésticos, moda e acessórios.
O economista Fábio Tadeu Araújo explica que o varejo on-line tem desempenhado um papel importante na retração econômica sofrida pelo país. “Apesar de não ser algo novo, a modalidade explodiu – no sentido positivo de crescimento muito forte – porque virou solução em muitos casos”.
Ele acrescenta que é uma quantidade que não está totalmente mensurada, mas era grande o número de empresas que nunca tinham atuado dentro do varejo on-line e que, agora, fazem parte dele. “Pode ser um prestador de serviços, restaurantes, incluindo os de shopping centers. Todo mundo foi obrigado a migrar e esse mercado cresceu bastante”.
Para as próximas datas consideradas importantes economicamente, Araújo acredita que a economia receberá uma injeção menor de faturamento. “Não pela questão de ser on-line ou não, mas pela queda da atividade econômica e o fato de as pessoas estarem com menos renda, o que resulta na necessidade de comprar presentes mais baratos. Mas confio também que o crescimento vai ser forte”.
Na avaliação do especialista, a questão mais interessante é a de que quem não estava acostumado a comprar pela internet, viu não apenas a praticidade, mas também a diferença de preço. “Quando percebem que existe, além da vantagem prática, um benefício no valor, tendem a fazer a migração. A redução de custo leva a possibilidade de comprar mais itens. Por exemplo, na loja física, o cliente gastaria R$ 100 com uma mercadoria, na web ele pode adquirir o mesmo produto por R$ 70. Esse movimento também pode compensar parte da queda da venda do varejo presencial devido à crise econômica”.
Para finalizar, ele acredita que talvez, depois da crise sanitária, o varejo on-line continue crescendo, mesmo que em velocidade menor. “Ele já vinha em um desenvolvimento e vai permanecer assim, justamente, pelo processo de altíssima incorporação de novos clientes durante o isolamento social”