Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, o número de casos de dengue aumentou 600% em 2019 se comparado com 2018. Apesar dessa crescente, uma pesquisa da Cruz Vermelha Brasileira, encomendada ao Ibope, revelou que, se por um lado, 86% da população de Belo Horizonte se declara bem informada sobre como prevenir a doença, por outro, poucas pessoas sabem de todos os métodos para evitar a proliferação do Aedes aegypti, como o uso do aerossol (16%), repelente elétrico líquido (27%) e vacina (14%).
De maneira geral, os belo-horizontinos sabem que têm de verificar a água parada em baldes, calhas, garrafas, ralos, tanques, etc. (97%) e que deixar a caixa d’água tampada é uma forma de prevenção (94%). Além disso, 80% dos entrevistados declaram que a preocupação com a arbovirose e sua transmissão ocorre durante o ano todo.
O presidente da Cruz Vermelha Brasileira, Júlio Cals, disse que esses dados mostram que as pessoas conhecem as formas de prevenção contra a dengue, mas não as praticam. “Precisamos trabalhar ainda mais com a educação da população, pois cuidado dentro de casa é fundamental para afastar e reduzir a reprodução do mosquito de maneira eficaz e também para combater as picadas”.
Cals reitera que cada um precisa fazer sua parte. “É possível erradicar as doenças causadas pelo Aedes aegypti, basta estimular as pessoas a terem pequenos gestos de prevenção e de proteção. Ressalto também a questão do cuidado com o próximo, afinal se eu cuidar da minha casa e o meu vizinho não, todos que estão próximos podem estar em perigo”.
Fazendo a sua parte
Ainda segundo o estudo, quase metade (45%) dos belo-horizontinos afirma que já teve dengue ao menos uma vez. Uma dessas pessoas é a psicóloga Priscila Malta, 28, moradora do bairro Camargos, região Noroeste da capital mineira. Ela conta que os primeiros sinais que apareceram foi uma dor forte no corpo, febre alta e manchas pelo corpo. “Como estava tendo surto de dengue aqui no bairro, corri para o pronto atendimento do meu plano de saúde e na mesma hora que o médico me viu, já fez o diagnóstico”.
Poucas semanas depois do ocorrido, sua mãe e irmã, que moravam na mesma casa que ela, também tiveram dengue. A única pessoa que não teve a doença foi o seu pai, que ficou um mês viajando a trabalho. “Assim que ele chegou da viagem, fizemos uma geral no nosso quintal e achamos vários focos do mosquito. Depois disso, nunca mais passamos mais de uma semana sem limparmos lá fora”, afirma Priscila.
Cals finaliza afirmando que é mais barato para o Estado trabalhar na prevenção dessas arboviroses. “Quando se tem um surto de alguma doença, seja de dengue ou qualquer outra, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem que trabalhar para ‘apagar o incêndio’ de maneira rápida e eficiente e, para conseguir isso, precisa investir pesado. Agora, quando se trabalha de maneira preventiva, gasta-se menos e a possibilidade de volta daquela enfermidade é menor, porque as pessoas já estarão educadas e habituadas a se prevenirem”.