No sábado, dia 27, para quem estava acompanhando o Pan-Americano de Lima se deparou com uma nova modalidade: o taekwondo poomsae. Para entender melhor o que é essa categoria, é preciso ressaltar que o taekwondo pode ser dividido, na prática, em três partes principais: combate (kyorugi), demonstração (shibon) e forma (poomsae). A última, estreante nos jogos, exige do atleta um domínio tanto sobre sua mente quanto do seu corpo, consistindo numa sequência de diferentes movimentos que coordenam respiração e ação, de forma sistemática e consecutiva, contra um ou vários adversários imaginários.
De acordo com a Federação Mundial de Taekwondo (WTF), o poomsae possui cerca 50 posições que se relacionam, agregando pontos para a contagem final da arbitragem. O mestre Claudio Higuchi, técnico da Seleção Brasileira de Poomsae 2018/2019, diz que essa modalidade consiste na “apresentação de técnicas de luta, em sequências de defesas e ataques”.
Infelizmente, para esta edição dos jogos, o Brasil não se classificou e ouro masculino ficou com o americano Alex Lee; Hugo Del Castillo, Peru, com a medalha de prata; e Marco Arroyo, do México, e Abbas Junior Assadian, Canadá, dividiram o bronze. “Por não ser uma modalidade olímpica, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) não destina nenhum recurso. Os atletas que querem competir no poomsae precisam tirar dinheiro do próprio bolso para pagar a viagem, hotel e alimentação. Em alguns casos, a Confederação Brasileira de Taekwondo tenta ajudar custeando a inscrição. Mas, na maioria das vezes, o atleta precisa gastar mais ou menos R$ 10 mil a R$ 12 mil para ir competir”.
Higuchi reitera que a modalidade é recente no Brasil. “O país começou a disputar para valer a partir de 2013. Antes disso, a gente até ia para os campeonatos, mas competíamos de forma amadora, ou seja, os atletas sequer sabiam do regulamento. Essa realidade começou a mudar depois do incentivo do grão-mestre Evandro Cesar, que foi buscar mais a fundo as regras e, hoje, ele é o único árbitro brasileiro que atua em competições internacionais da modalidade”.
Sobre a medalha pan-americana para os Estados Unidos, o técnico da seleção brasileira já previa esse resultado. “Não dá para comparar a estrutura que os americanos têm com a dos brasileiros. Eles investem muito nos esportes e importam tantos técnicos como atletas para comporem a delegação”.
Para o futuro do esporte, ainda não há muito o que se dizer, pois, neste momento, há mudanças. “A comissão técnica da seleção está sendo reformulada e ainda não sabemos quem será o técnico para a nova temporada”, diz Higuchi.
Futuro
Gabriela Higuchi, 17 anos, é uma das promessas do taekwondo poomsae. Apesar da pouca idade, ela já coleciona algumas marcas importantes, como campeã mundial estudantil individual, vice-campeã mundial de freestyle individual, vice-campeã mundial freestyle em dupla, campeã da Copa do Brasil em 2018 e campeã paulista 2017, 2018 e 2019.
Ela conta que começou a praticar o taekwondo quando tinha 7 anos pela influência do pai e irmão. “Eu sentia que esse era um momento para passar com eles”, conta.
Após isso, Gabriela foi tomando gosto e sempre se destacando nas competições e, para o futuro, planeja colocar o nome do Brasil em destaque neste esporte. “Na seletiva para os jogos Pan-americanos, os atletas do poomsae precisavam competir nas duas modalidades, o poomsae reconhecido e o freestyle, ou seja, uma equipe híbrida. O freestyle ainda é recente no Brasil e, infelizmente, não temos uma equipe com nível internacional. Vários atletas estão em treinamento para que consigamos reverter esse quadro. Acredito que é uma questão de tempo e investimento”, finaliza.