A temporada 2017 do futebol brasileiro vai caminhando a passos largos para o seu momento final. O Corinthians já não aguenta de tanta ansiedade para colocar a mão na taça. Mérito dele. Arrancou bem, somou pontos a vontade, tomou larga dianteira e agora respira ar puro. Evidente que contou com a falta de competência dos demais competidores. Quando deu mole, caiu de produção, os demais não tiveram força suficiente para dobrar a esquina. Sorte do timão. Pelo jeito vai levar o caneco sem maior esforço. Aí fica a difícil pergunta. Será que tudo isto foi bem planejado. Sinceramente tenho lá minhas dúvidas.
No começo do ano, Palmeiras, Flamengo, Grêmio e Atlético, não necessariamente nesta ordem, eram tidos como favoritos. Investiram montanhas de dinheiro, segundo seus dirigentes, na montagem dos seus elencos e comissões técnicas. Jogadores famosos e experientes, com passagem por grandes times do mundo foram contratados. Aqui em Minas, o Atlético usou e abusou em formar um time de estrelas. Não deu certo. Da mesma forma temos o exemplo do Palmeiras. Torrou milhões e montou um time apenas razoável. Corre risco de nem conseguir ser vice.
Flamengo e Grêmio também adotaram o mesmo planejamento, com orçamento menor eu penso, mas alto para campanha tão irregular. Enquanto isso, o Corinthians, com um grupo de jogadores pequeno e nem tão expressivo, apostando num jovem e desconhecido treinador, vai deixando todo mundo na poeira. Alguns afirmam que a arbitragem favoreceu e muito o timão, mas olhando com cuidado e sem paixão, essa tal ajuda não foi assim tão importante. Os outros times também foram prejudicados ou ajudados pelos donos do apito. Aliás, arbitragem de futebol é um caso sério. Uma lástima de cabo a rabo.
Mas voltemos ao tal planejamento. Será que tudo isto que estamos acompanhando foi mesmo planejado. Sei não, tenho muitas dúvidas. Acho que os dirigentes do futebol planejam com o coração. Colocam a paixão bem na frente da razão. Basta aparecer alguém oferecendo um jogador de nome que eles logo suspiram fundo e contratam. Deixam em segundo plano alguns quesitos importantes como idade, condição física, qualidade técnica atual e por aí afora. Em outros casos, apostam em jogadores indicados por investidores, sem analisar com profundidade se o cara é ou não é mesmo um bom jogador. De vez em quando esse tipo de ação dá certo. Na maioria das vezes não dá. É o que estamos cansados de observar.
Por essa razão, não acredito muito no tal planejamento em futebol. Não como dirigentes e treinadores pregam. Evidente que planejamento é fundamental, mas para funcionar e dar bons resultados é preciso muito mais do que só paixão e sonhos.
Mas vamos deixar planejamento para quem tem competência e vamos falar de arbitragem no futebol. Um negócio polêmico e complicado desde que a bola começou a rolar. As entidades que controlam o futebol já tentaram de tudo para resolver a questão. Parece praga ou algo pior. Quanto mais mexe, piora. Nos últimos tempos inventaram mais dois ajudantes para ficar como poste atrás do gol. A única missão dos caras é observar se a bola entrou ou não entrou. Foi pênalti ou não. Não é que os tais aspones não conseguem enxergar nada.
Lá de longe, do posto de transmissão ou no meio da torcida, todo mundo vê o certo e o errado, menos o cidadão que está lá bem do lado. É impressionante!
Agora, querem implantar o árbitro de vídeo. Apareceu dúvida, o jogo para e tem conferência na tela. A ideia é boa. A tecnologia está aí para ajudar. O problema é que vai custar caro. Nos grandes jogos, dentro dos grandes estádios, acredito que vai funcionar para dirimir incertezas. Como a arrecadação é alta, o custo será diluído. Mas como vai ficar a situação nos estádios pequenos, nos jogos das demais séries e nos campeonatos regionais pelo interior. Vamos continuar dependendo dos árbitros e seus auxiliares que são bem preparados para correr, possuem força suficiente para soprar um apito, mas sofrem com a impossibilidade de enxergar o que é necessário para justificar o cachê que recebem.
Mas vamos ser otimistas, acreditando que com bom planejamento e alta tecnologia o futebol possa melhorar dentro de campo. Isso é que é importante.
*Presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE)