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Conheça o “Lá da Favelinha”, projeto que usa arte e cultura para criar oportunidades

 

Editorial de um dos eventos do projeto, o Favelinha Fashion Week (Foto: Mariana Rodrigues)
Editorial de um dos eventos do projeto, o Favelinha Fashion Week (Foto: Mariana Rodrigues)

Não é novidade que as pessoas que moram no subúrbio tem mais dificuldades em ter oportunidades na vida. Mas, se depender do Centro Cultural Lá da Favelinha, essa realidade será diferente. Localizado no Aglomerado da Serra, o projeto é responsável por promover atividades e oficinas que usam da arte e da cultura para levantar a autoestima das pessoas.

O idealizador e gestor do projeto Kdu dos Anjos conta que sentiu a necessidade de dar início a um centro cultural na comunidade em que mora, porque sabe dos preconceitos acerca das pessoas que moram nas favelas. “Eu dava uma oficina de rima na comunidade. Depois disso, abri uma biblioteca e tive a oportunidade de alugar o espaço onde está localizado o Lá da Favelinha. Com isso, começaram a vir os parceiros, pessoas que ajudam e que precisavam ser ajudadas”.

Ele acrescenta que o projeto é importante porque dá autonomia aos moradores que vivem no Aglomerado. “Perante a sociedade, o que sobra para nós são os subempregos. Temos que ser faxineiros, pedreiros, balconistas. Não que tenha alguma coisa de errado com essas profissões, mas aqui existem pessoas muito talentosas e que podem ir além. Podem ser arquitetos, astronautas, engenheiros. E, por meio da educação e da cultura, nós mostramos isso para elas. Abrimos portas e oportunidades para todos”.

O projeto atende mais de 100 pessoas, dentre elas crianças, jovens, adultos e, até mesmo, idosos. Kdu explica que a arte e a cultura podem transformar vidas. “A pessoa tem sua autoestima elevada. Além disso, por meio da arte, ela deixa de ser considerada um ‘zé ninguém’ e de se sentir inferior por morar na periferia. O indivíduo passa a ser protagonista de sua própria vida. Começa a ter contato com a cidade e a ser reconhecido como um cidadão”.

Ele explica que, após isso, surgem as oportunidades. “O excluído começa a ser incluído e como ator principal da grande cena que é sua vida. A família vai acompanhando e se orgulhando. É um processo que muda a vida da pessoa. Nós temos crianças que não conseguiam ir bem nos estudos, repetiam de série e, depois de entrar no projeto, se tornaram os melhores da escola. Jovens que saíram do tráfico, simplesmente porque sentiram que ali não era mais o lugar deles”.

O projeto conta com diversas oficinas e atividades. “Temos canto, teatro, inglês, passinho, rap, capoeira, dança. Além disso, realizamos eventos durante o ano. Temos o Favelinha Fashion Week, que promove a moda. Criamos também as batalhas de passinho, chamada Disputa Nervosa, cujo o grupo já se apresentou até no Rio de Janeiro.

Trabalhamos com o tema empreendedorismo, damos palestras motivacionais, além de festas durante todo o ano”.
O Centro Cultural conta ainda com uma biblioteca que possui mais de 3 mil livros. “As publicações foram doadas. Tivemos que parar de aceitar doações por falta de espaço. Mas, ela funciona diariamente e a pessoa pode pegar quantos livros quiser, não precisa de cadastro e não tem prazo de entrega. Ela devolve quando der”, informa Kdu.

Amanhã ninguém sabe
Assim como todos os projetos independentes, o Lá da Favelinha é autossustentável. Kdu explica que eles usam as redes sociais para angariar fundos. “Temos um financiamento coletivo recorrente no Facebook, que é realizado por meio de cartão de crédito. O valor é cobrado no boleto do cartão até quando o titular quiser contribuir. Além disso, arrecadamos dinheiro nos eventos que fazemos e vendemos blusas e bonés”.

O gestor diz que o projeto é um desafio diário. “A gente nunca sabe se vai ter a renda necessária. Temos que pagar as contas, água, luz, aluguel. Então, acaba que o projeto é mais bonito por fora do que por dentro, porque passamos apertado muitas vezes. Mas, isso jamais nos fará desistir”, conclui.

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