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Jovens têm dificuldade para escolher profissão

Neste ano, 5,5 milhões de pessoas vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a maioria delas são jovens em busca de ingressar na faculdade. Esses adolescentes também terão que tomar a decisão mais séria e talvez a mais complicada de suas vidas: a escolha de uma profissão.

Para alguns, esse processo é fácil, como é o caso da estudante Vitória Alves. Ela conta que desde de muito nova sempre quis ser médica veterinária. “Sempre convivi com animais e os adoro”.

Após o ensino médio, a jovem fez um curso técnico de auxiliar de veterinária, o que aguçou sua vontade de seguir na profissão. “Aprendi ainda mais sobre os animais, principalmente os de pequeno porte. Estou tentando entrar na faculdade, mas é um curso caro e bastante concorrido”.

Porém, essa vocação nem sempre é descoberta com tanta facilidade. A estudante Gabriela Almeida irá fazer o Enem e ainda não sabe qual área seguir. “Sempre fui uma aluna mediana na maioria das matérias, então estou com dificuldade em descobrir qual área tenho mais afinidade”.

Ela relata que já fez alguns testes vocacionais, mas ainda não conseguiu chegar a uma conclusão.

Pressão na escolha
A psicóloga Thaliana Piovezana afirma que muitos jovens acreditam que a escolha profissional não é definitiva e que dificilmente poderão mudar essa decisão ao longo da vida. “Na verdade, a possibilidade de mudança sempre estará presente. Ao pensarem que estão escolhendo uma profissão para o resto da vida, eles se sentem mais pressionados, intensificando o nível de ansiedade, conflito e insegurança. Ademais, é comum pensarem que devem escolher apenas o retorno financeiro, esquecendo que a satisfação pessoal também é importante”.

Thaliana disse que esse processo não deve ser pensado como uma decisão isolada, pois envolve uma série de fatores internos e externos que estão relacionados, como a situação socioeconômica, os medos, anseios, valores pessoais, pressão social e familiar, disponibilidade do curso, mercado de trabalho, etc. “Para fazer uma boa escolha é preciso refletir sobre todos os fatores que possam influenciar direta ou indiretamente sua decisão. Os pais podem ajudar, mas não devem escolher pelo filho. O ideal é oferecer apoio e abertura para o diálogo”.

Além disso, a escolha profissional, geralmente, ocorre na adolescência, período de muitos questionamentos e mudanças. “Essa fase é marcada pela transição entre o mundo infantil e a entrada no universo adulto, o que por si só suscita grandes conflitos. Lidar com essas demandas não é fácil e a pressão por escolher uma profissão torna mais difícil”.

A psicóloga dá dicas para os jovens que estão vivendo esse período: “É necessário buscar autoconhecimento. Refletir sobre seus interesses, habilidades, motivações, expectativas, desejos e objetivos. Identificar nossos aspectos pessoais é o principal critério para uma escolha profissional consciente. Deve-se buscar responder o porquê e para que seguir determinada carreira. O segundo aspecto refere-se ao conhecimento da realidade profissional. Somente ao se informar sobre o mundo das profissões que o indivíduo terá mais clareza de suas preferências. Realizar uma pesquisa sobre os campos de atuação, a grade curricular dos cursos de interesse, o mercado de trabalho, oportunidades de emprego, desafios, pontos fortes e fracos. Uma estratégia interessante é entrevistar profissionais que atuam nas áreas que lhe despertam interesse. Por fim, deve-se integrar esses dois aspectos para tomar uma decisão mais madura e consciente”, finaliza.