Dados do IBGE apontaram que, após dois anos de retração, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1% em 2017 comparado a 2016. O economista da Fecomércio MG Guilherme Almeida informa que, mesmo parecendo pequena, a expansão de 1% foi muito importante. “Tivemos uma evolução do PIB em todos os semestres. Além disso, estamos saindo de um ciclo recessivo muito profundo, nos últimos 2 anos o recuo foi de 7,2% no acumulado. Então esse aumento é significativo”.
Ao todo, a economia fomentou R$ 6,6 trilhões em valores correntes. A agropecuária foi a principal atividade a alavancar o resultado, sendo responsável por 13% do total. Estima-se que sem o agronegócio, o crescimento teria sido de apenas 0,3%.
Almeida explica que há duas óticas para avaliar os resultados. “A primeira é a partir do desempenho dos setores positivos: primário, secundário e terciário. No caso do primário, a agropecuária respondeu por 60% de todo o PIB, decorrente da supersafra que bateu recorde histórico de colheitas e acabou alavancando a atividade da economia. O setor de serviços também foi importante, o comércio expandiu 1,8%”.
Na segunda ótica de avaliação, o economista destaca a demanda. “Com a retração, muitas pessoas tiveram sua renda comprometida ou até mesmo cessada pelo desemprego. Isso gerou um impacto grande no mercado que é demandante. Agregado a isso e a desaceleração da inflação, queda dos juros e do desemprego, mesmo que pequena, as famílias voltaram a consumir e isso é importante para o aquecimento da economia”.
Os indicadores positivos tranquilizam também no que se refere a recessão econômica. “Tecnicamente saímos da crise no último trimestre de 2016. Mas quando olhamos para a macroeconomia, ainda podemos observar certo descompasso e o desemprego é um deles. Contudo, o IBGE já apontou uma diminuição das taxas e vagas estão sendo geradas, mesmo que a qualidade ainda não seja ideal, até porque muitos foram para a informalidade. Porém, esses índices ajudarão ainda mais na melhoria dos indicadores”.
2018
O crescimento trouxe um alívio para este ano. “Quando vemos a estatística por trás do resultado, entendemos que, mesmo que os setores não cresçam em 2018, teremos um carregamento positivo do PIB de 2017 para este ano. E aí podemos ter um crescimento na casa de 0,3%. Contudo, é visível que podemos esperar uma continuidade da trajetória positiva”.
Com a inflação seguindo abaixo da meta, o consumo continua crescendo. “Isso traduz em uma menor pressão sobre o nível dos preços. Outro ponto importante é que a Selic reduziu em 75%, mínima histórica e acreditamos que, com a continuidade dos juros abaixo dos patamares, o crédito tende a expandir auxiliando ainda mais a alavancar o consumo”.
Atenção
O economista destaca dois pontos que merecem atenção para este ano. “As reformas propostas pelo governo e as eleições podem gerar incerteza no mercado. Mas, não acredito que esses dois fatores irão travar o crescimento da economia, o máximo que pode acontecer é influenciar na velocidade dele”.
Outro mote é o desempenho do indicador da formação bruta de capital fixo, que é um componente do PIB. “Nada mais é que investimentos produtivos, que apresentou o quarto ano consecutivo de recuo e requer atenção, porque é um crescimento baseado e sustentado pelo consumo familiar. O fato de em 2014 muitas famílias terem se endividado agravou o cenário, é importante o estímulo e retomada desse ponto de investimento”.