Home > Economia > Indústria da construção prevê crescimento de 2,5% este ano

Indústria da construção prevê crescimento de 2,5% este ano

Setor tem apresentado números positivos há nove trimestres consecutivos – Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor da construção civil estima crescimento de 2,5% este ano, em um ritmo de três anos consecutivos de expansão acima da economia nacional. Conforme os resultados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais, divulgados pela Fundação João Pinheiro (FJP), a categoria, no estado, também está em ascendência desde o terceiro trimestre de 2020.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Renato Michel, explica que o setor tem apresentado números positivos há nove trimestres consecutivos. “O nosso patamar de atividades está 18,8% superior ao período pré-pandemia. Os bons resultados da construção civil, especialmente no biênio 2021/2022, ajudam a justificar este índice”.

Conforme Renato, dados divulgados pelo Ministério do Trabalho apontam que todos os três grandes setores: construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados, apresentaram resultados positivos. “O que sinaliza um ritmo de atividades ativo. A construção de edifícios e os serviços especializados, juntos, acabam evidenciando um melhor desempenho da seção imobiliária”. O índice desse segmento,
abrangendo cidades do interior de Minas, apresentou, apenas no terceiro trimestre de 2022, a venda de 3.923 apartamentos novos nas 18 cidades pesquisadas.

Para o presidente do Sinduscon-MG, desde o início da pandemia de COVID-19, foi observado uma melhor atuação do segmento imobiliário. “A construção civil foi considerada atividade essencial, além disso, as famílias ressignificaram o valor da casa própria, buscando espaços para adaptar atividades em home office. Os juros mais baixos em 2020 e no início de 2021, também contribuíram para estimular a aquisição de imóveis”.

“As vendas de apartamentos novos, por exemplo, na cidade de Belo Horizonte e Nova Lima, totalizaram 4.284 unidades, apenas nos primeiros dez meses de 2022. Apesar do resultado representar uma queda de 7,63%, em relação a igual período de 2021, foi o segundo melhor patamar para estes meses da série histórica iniciada em 2016”, complementa.

Ele ainda destaca que o indicador de velocidade de vendas alcançou a média de 12,3%, no mesmo período do ano passado. “Isso mostra que as comercializações de imóveis novos, nas cidades em referência, ficaram mais dinâmicas”.

Nível nacional

No último biênio (2021/2022), a construção civil cresceu 17,7% ante 8,2% da economia nacional. Só nos últimos 12 meses, encerrados em setembro de 2022, o setor cresceu 8,8%. Os números mostram que a atividade da categoria terminou o terceiro trimestre do ano, 16,4% superior ao período pré-pandemia, considerando o quarto trimestre de 2019.

O presidente da CBIC, José Carlos Martins, avalia que nos próximos anos os investimentos no setor devem passar pela infraestrutura. “Embora a perspectiva e os números sejam positivos, o crescimento ainda continua 19,6% abaixo do que a atividade já apresentou no início de 2014”.

A participação do PIB da construção vem diminuindo nos últimos anos. Em 2012, era de 6,5% e em 2021, o percentual foi de 3,3%. Martins destaca a necessidade de aumentar a atividade da categoria no PIB nacional. “Essa é uma decisão estratégica. Para fazer com que o país cresça realmente e que tenha desenvolvimento social e humano, é necessário investimento”.

Renato ainda ressalta as dificuldades que o setor pode enfrentar em 2023. “O cenário macroeconômico nacional não está definido para este ano, as expectativas para a inflação continuam ganhando força, ao mesmo tempo em que as projeções sinalizam um crescimento do PIB inferior a 1% e taxas de juros ainda em patamar muito elevado, superiores a 12%. Também é aguardada a desaceleração da economia mundial. Esses fatores, aliados a devolução da renda e o nível de endividamento das famílias, trazem muitas preocupações para a categoria”.

Ele conclui dizendo que a expectativa é que a construção civil cresça pelo sexto ano consecutivo em Minas Gerais. “Mas, naturalmente, isso não significa ausência de desafios. Neste momento, o que nos chama atenção é a permanência dos juros altos no país e, particularmente, em Belo Horizonte, ainda temos a preocupação adicional com o novo Plano Diretor”.

Geração de empregos

Nos primeiros 10 meses de 2022, Minas Gerais ocupou a quarta colocação na geração de empregos na construção civil no país, ficando atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Nesse período, o setor contabilizou a criação de 24.071 novas vagas.

De acordo com Renato, apenas de janeiro a novembro de 2022, a construção mineira gerou cerca de 18 mil postos de trabalho de carteira assinada. “Isso significa que se a nossa expectativa de crescimento se confirmar, nós esperamos alcançar um número superior a esse”.

Em outubro de 2022, a construção civil mineira possuía 332.253 trabalhadores com carteira assinada, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho. É uma
alta de 3,09% em relação ao mesmo período do ano anterior (9.950 novos postos de trabalho).