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Mesmo sem festas juninas, procura por comidas típicas rendem lucro a pequenos empresários

Os tradicionais arraiás nos meses de junho e julho, uma das datas mais queridas dos brasileiros, não puderam ser realizados este ano por conta da necessidade de distanciamento social para combater a COVID-19. No entanto, se engana quem pensa que os consumidores vão deixar de celebrar e abrir mão de ter as delícias dessa época em casa. Pensando nesse mercado, pequenos empresários precisaram se adaptar e criar novos produtos como os kits juninos. Alguns comemoram crescimento no faturamento com as vendas por meio de delivery e drive-thru.

Para driblar o impacto nas finanças, a cabeleireira Evelyn Borges decidiu empreender e criou um novo produto. Aproveitando a festa sazonal, investiu no kit junino, composto por diversas guloseimas tradicionais. “Tive que fechar meu salão por conta das medidas de isolamento para conter o vírus. Essa ideia de vender comidas de Festa Junina surgiu para que não ficasse sem trabalhar e ainda pudesse ganhar alguma renda. Superou minhas expectativas e tenho tido muita procura, tanto que precisei aumentar minha equipe para dar conta de atender a demanda”, conta.

A empresária afirma que a data é especial para os brasileiros e muitos fazem questão de comemorar. “Esse ano a saída é fazer o arraiá em casa. Nós temos diversos kits individuais ou para até 4 pessoas. Ele acompanha um tipo de caldo a escolha do cliente, mini cachorro- -quente, pipoca, bolo de milho ou de fubá, arroz doce, quentão e itens como paçoca, pé de moleque e cocada. Tudo é colocado em uma caixa personalizada e pode ser retirado no local na data e horário combinados ou solicitar a entrega. Nesse caso, será acrescentada uma pequena taxa por ser um serviço terceirizado”.

Ela explica que o preço dos kits gira em torno de R$ 60 a R$ 100. “Para se ter uma noção, tenho pedidos para entregar quase todos os dias do mês de julho. A divulgação do meu trabalho é feita via redes sociais e o famoso boca a boca. Já pensei em colocar em aplicativo, mas fica um pouco mais caro. Sendo assim, aceito encomendas apenas pelo telefone ou via WhatsApp”.

Emerson Santos é proprietário de um restaurante e viu o movimento cair 50% nos últimos meses. “As pessoas estão saindo poucos nas ruas. A solução foi investir nas datas comemorativas como a Festa Junina e suas comidas típicas. Oferecemos algumas delícias prontas como caldos e sobremesas, porque dão trabalho para fazer. Temos feijão amigo, canjiquinha, vaca atolada, caldo verde, canjica e arroz-doce”.

Ele esclarece que o cliente também tem a opção de montar seu próprio kit. “O desconto é maior dependendo da variedade de itens incluídos no pedido. Cada porção serve até 2 pessoas, mas fazemos por encomenda em maior quantidade. Podemos não fazer a Festa Junina, mas vamos ter as guloseimas tradicionais da época. Tenho tido uma boa procura e a expectativa é de aumentar as vendas em 30% durante o mês de julho”, revela.

Beatriz Castro é dona de uma padaria e também viu o movimento e o lucro do estabelecimento despencar. “Resolvi investir nesta data festiva porque muitas pessoas não abrem mão da comemoração, mesmo que seja algo simples dentro de casa. Montamos uma mesa especial e decorada com as principais delícias juninas. Os clientes que vêm comprar algum produto ficam encantados e sempre levam uma guloseima típica. Além disso, temos feito propaganda pelas redes sociais e recebemos pedidos pelo telefone e WhatsApp”.

Entre as comidas disponíveis estão bolo de fubá, cachorro-quente, canjica doce, milho cozido, maçã do amor, pé de moleque, quindim, pamonha, entre outros. A proprietária acrescenta que vendeu bem no último mês e espera crescimento de 20% para julho. “Quem preferir pode buscar ou solicitar a entrega mediante taxa. Os preços variam entre R$ 25 e R$ 50 e ainda vai uma garrafa de quentão como brinde. Tudo é feito para garantir a satisfação e fidelização do cliente”, finaliza.

Adaptação e inovação

Para a analista do Sebrae Minas, Andreza Capelo, o momento é de deixar a criatividade fluir. “As pessoas não precisam de grandes investimentos, devem pensar em alternativas, apostar no talento, criatividade, fazer um levantamento financeiro e, se necessário, comprar insumos para produção. A palavra-chave é inovação, trazer coisas que os concorrentes ainda não possuem. Um leque de novas oportunidades se abre para quem se arrisca, inclusive, pode continuar no negócio mesmo depois que a situação estabilizar e o comércio voltar a funcionar de portas abertas”.

Sobre as opções de entrega, ela diz que tudo deve ser avaliado com cuidado. “Ao contratar esse serviço, avalie pelo menos 3 opções diferentes para escolher a melhor. Veja se os custos não vão ficar onerosos para a empresa e para o consumidor, seja por aplicativo ou até mesmo um motoboy de forma particular. As pessoas levam em conta o valor do frete e o bem que estão comprando”, recomenda.

Para se destacar no mercado, a analista explica que é importante colocar etiquetas nos produtos com as informações de contato da empresa como telefone, endereço e redes sociais. “É uma forma dos produtos serem divulgados para futuros clientes. Muitos também enviam um bilhetinho com frases ou mensagens. Isso faz sucesso, ainda mais nessa época em que as pessoas estão mais carentes de carinho e atenção. Também pode abusar das formas de divulgação gratuitas como stories, WhatsApp, Facebook e Instagram”, conclui.