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Setor cinematográfico ultrapassou a renda de R$ 428 milhões em 2025

“Ainda Estou Aqui” estimulou o público a ver filmes nacionais / Foto: Alile Dara Onawale/Sony Picutres

De acordo com dados do Sistema de Controle de Bilheteria (SBC), o setor cinematográfico brasileiro atingiu, desde o início de 2025, a renda de R$ 428,76 milhões; foram 212 títulos exibidos, sendo 29% da receita vinda das produções nacionais; e o público foi de 22,61 milhões de pessoas. Em 2024, os índices chegaram a R$ 2,49 bilhões, sendo 10% de participação das produções nacionais e o público de 125,35 milhões.

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) também divulgou que o setor bateu recorde de salas de cinema em funcionamento. Em 1º de janeiro deste ano, o país tinha 3.509 salas em atividade, 31 a mais do que o registrado em 2019, antes da pandemia de COVID-19. Cidades como Monte Carmelo e Ponte Nova, em Minas Gerais, e Miracema, no Rio de Janeiro, ganharam suas primeiras salas, enquanto Viçosa, em Alagoas, celebrou a reabertura de um cinema que estava fechado há 30 anos.

A secretária da Secretaria do Audiovisual, Joelma Gonzaga, destaca que o impacto vai além do aumento de números. “As novas salas tornaram o cinema acessível a públicos historicamente excluídos, o Brasil precisa manter e ampliar suas telas. Esse é o compromisso da Secretaria com a distribuição e exibição cinematográfica desse país. O cinema gera encontros, emprego, renda, e conhecimento da população com a arte produzida aqui”.

O crítico de cinema, Raphael Camacho, avalia que o mercado vem melhorando e ficando em maior evidência ao longo dos últimos anos. “A presença no Oscar e em outras premiações/festivais é uma oportunidade de aumentar esse alcance. Nosso cinema sempre teve ótimas produções, mas não se reflete em bilheteria, em muitos casos. Temos que insistir, porque nossos filmes são tão bons ou melhores que muitos internacionais que chegam a todo vapor semana após semana”.

Ele pontua que as produções nacionais ainda não têm sido capazes de competir com as internacionais. “É uma situação difícil. Filmes brasileiros são marcados e desmarcados pelos programadores de sala de cinema que sempre dão preferência ao blockbuster do momento. O cinema nacional não é tratado como deveria pela maioria dos exibidores. Porém, há muitos caminhos possíveis para aumentar a competitividade, como continuar produzindo, levando nossas histórias para todos os cantos, e fazer coproduções com outros países”.

Sobre as salas de cinema, o crítico explica que mesmo com esse recorde, ainda é pouco. “Muitas cidades não têm cinema, principalmente no interior. Durante muito tempo, as salas ficaram acomodadas e não perceberam as mudanças que seriam necessárias com a chegada dos streamings. As que não forem criativas em sua programação, tendem a fracassar, pois não é um negócio barato, e é preciso gerar alta demanda”.

“Ainda Estou Aqui”

Segundo a Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura, o sucesso do longa-metragem estimulou o público a ver outras produções nacionais. Desde sua estreia mundial no Festival de Veneza, onde levou o prêmio de Melhor Roteiro, “Ainda Estou Aqui” tem atingido um desempenho notável.

No Brasil começou a ser exibido em setembro de 2024. Com a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, o longa registrou um crescimento expressivo de público: 57% na semana seguinte ao anúncio do prêmio, e um salto de 122% na semana subsequente. Com a indicação ao Oscar, anunciada em 23 de janeiro, um novo aumento: 89% no público semanal.

Sobre esse sucesso, Camacho afirma que já impacta positivamente o setor, desde os primeiros prêmios e a vitória no Globo de Ouro. “É uma visibilidade enorme. Muitos filmes vão ter chances de sair da gaveta depois desse êxito”.

“Continuar em crescimento e evidência é uma perspectiva de futuro. Mas, precisa haver mais diálogos entre todos os segmentos importantes no caminho de um filme: produção, exibição, divulgação e distribuição. Em relação ao nosso mercado cinematográfico, como um todo, sinto que falta diálogo, há grupos de pessoas competentes da indústria com ótimas ideias e relevância, mais isolados”, finaliza.

Conforme a pasta, a expectativa é de que, nos próximos anos, sejam lançados 1.100 séries e filmes produzidos no país. Para isso, o Ministério da Cultura e a Ancine investiram, em 2024, o total de R$ 2,6 bilhões em fomento destinado a mais de 600 produtores.