Caracterizado pelo acúmulo anormal de gordura, geralmente nas pernas, quadris e, em alguns casos, nos braços, o lipedema pode causar dores intensas, sensação de peso, deformidade estética e dificuldades funcionais. Em 2022, mesmo ano em que foi reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição vascular crônica, que atinge cerca de 12,3% das mulheres no país, foi a causa de 245 procedimentos cirúrgicos, segundo a Secretaria de Saúde. Dados do Instituto Lipedema Brasil mostram que 10% das mulheres são acometidas pela doença no mundo.
O diretor do Instituto Lipedema Brasil, Dr. Fábio Kamamoto, explica que diferente da celulite, que é uma condição mais estética, o lipedema é uma doença. “Ele tem reações inflamatórias que começam a lesar os tecidos no seu torno, provocando uma flacidez na pele. Esse processo prejudica também a força da musculatura. Pelo excesso de peso e pela dificuldade motora, aparecem lesões na cartilagem dos joelhos”.
“É uma enfermidade genética, e a partir da maior presença do estrogênio, na adolescência da mulher, o lipedema começa a evoluir com um aumento do volume de gordura nas regiões específicas. Diferente da obesidade, não é uma situação de excesso no consumo de calorias e sim uma resposta hormonal dessas células. Mesmo que a mulher acometida pela condição faça atividade física regular e dieta, a resposta de redução dessa gordura é ruim”, completa.
O médico diz que a política do lipedema é uma piora progressiva, sobretudo em momentos de mudança hormonal. “Por exemplo, o uso de anticoncepcional via oral, principalmente a base de estrogênio, gestações, tratamento para engravidar e mudanças hormonais abruptas são gatilhos que podem acentuar o problema. O que a mulher pode fazer é adotar um estilo de vida saudável, não comer alimentos inflamatórios, como ultraprocessados, evitar o excesso de açúcar, álcool e farinha de trigo. Tudo isso faz com que a progressão do lipedema aconteça de uma maneira mais devagar”, indica.
Tratamento
O tratamento conservador envolve perda de peso, atividade física regular, quando possível o não uso de estrogênios via oral e também algumas fisioterapias anti-inflamatórias, que diminuem o edema e a inflamação nos tecidos.
Já o cirúrgico é aquele que retira as células doentes de gordura. “Consegue-se ter uma melhora do volume da perna, redução da flacidez e ganhar mais qualidade de vida. O tratamento vai ficando mais complexo à medida que a doença avança. Nesses casos, temos que fracionar a cirurgia em mais etapas”.
No último mês, a ex-bbb Yasmin Brunet, revelou que iniciou um tratamento para um lipedema. A modelo disse que a doença crônica impacta, acima de tudo, sua qualidade de vida e desabafou em sua rede social. “Parece que o corpo da mulher nunca sai de cena, sempre alvo de julgamentos. Se engorda, é criticado. Se emagrece, também. Estamos sempre demais ou de menos”.
Exames
De acordo com Kamamoto, o diagnóstico é feito pelo exame físico, mas existem outros que ajudam a perceber o aparecimento da doença. “Por exemplo, a densitometria de corpo inteiro ou ressonância, e também verificar e até afastar outras doenças que estão frequentemente associadas ao lipedema. O ultrassom doppler das pernas serve para ver se as veias não estão alteradas. Já a cintilografia é para confirmar alterações no sistema linfático”.