Não é novidade para ninguém que o ex- -senador Clésio Andrade, atualmente sem partido, tem ensaiado o retorno à vida pública. Seu nome foi ventilado aos quatro cantos de Minas, durante as campanhas às prefeituras municipais, especialmente nas pequenas cidades, e, conforme avaliação de amigos, com certa receptividade. Assim, na disputa majoritária de 2026, seu prestígio perante o grande público poderá ser testado, depois de muitos anos afastado da cena política mineira.
O estilo de se apoiar em lideranças políticas nas regiões mais distantes do grande centro, com vistas à peleja daqui a dois anos, foi a mesma estratégia adotada pelo vice-governador, Mateus Simões (Novo). Durante todo o período dessa disputa eleitoral, ele visitou diversas localidades acompanhado de deputados ligados à base do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), mas mesmo assim, não deixou de fazer política.
Também de olho na eleição majoritária de 2026, o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), marcou presença, sempre aparecendo ao lado do candidato à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Fuad Noman (PSD), enquanto muitos aliados de sua inteira confiança fizeram a interface com inúmeros candidatos a vereador e prefeito.
Alguns deles foram eleitos e outros não, mas seu trabalho de garimpagem deixou o seu nome registrado na história dessas comunidades, o que pode fazer a diferença no caso de uma candidatura majoritária. Ele tem uma ligação forte com o interior do Estado, tanto que obteve um bom resultado nas urnas quando foi candidato ao Senado no pleito passado, embora não tenha sido eleito naquela oportunidade.
Aécio, Pacheco e Cleitinho
Recentemente, quem teve oportunidade de conversar com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), ficou com a nítida impressão de uma suposta definição do nome do grupo da direita para disputar o governo do Estado. Aos bolsonaristas mineiros, Eduardo transmite a ideia de que o nome da preferência dele para enfrentar o pleito será o senador Cleitinho Azevedo, momentaneamente filiado ao partido Republicanos. Neste caso, eles devem apostar em Nikolas Ferreira para buscar uma vaga no Senado.
Durante todo o segundo turno na disputa pela PBH, comentários sugeriam que o grupo do prefeito Fuad Noman tinha compromisso político com o deputado Aécio Neves (PSDB). O tucano já estaria com as garras afiadas, visando enfrentar o embate ao Palácio Tiradentes. Mas essa fala ainda carece de avaliação, pois ao considerar a votação para deputado federal no último pleito, Aécio foi votado, como dizia o seu avô Tancredo Neves, nos grotões do Estado. Assim, sem uma popularidade na região metropolitana, com seus mais de cinco milhões de eleitores, foi só minguando. Matemáticos da política mineira analisam que, sem o apoio dessa localidade, fica difícil vingar uma candidatura a cargo majoritário.
E o pleito eleitoral nos municípios terminou sem que os melhores dos investigadores conseguissem êxito na tarefa de descobrir qual o futuro político do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD). Ele permaneceu em Brasília quase todo o período da aludida campanha, embora atuando à distância, através de encaminhamento de emendas parlamentares para muitos dos municípios, traduzindo- -se em benefícios para as localidades recebedoras dos valores.
Para além dessa constatação, em Brasília, cogita-se a possibilidade de aproveitar Rodrigo Pacheco em algum ministério, tão logo deixe a presidência do Senado no início de 2025. Mas são apenas conjecturas, pois isso iria depender do resultado das eleições para a Mesa Diretora tanto da Câmara quanto do próprio Senado. Politicamente, se o parlamentar for se envolver em disputa eleitoral no pleito vindouro, vai carecer de mudar completamente o seu modus operandi.