Quando era prefeito da capital, Alexandre Kalil dava pouca importância para o PSD estadual. Assim, quando se tornou candidato ao governo de Minas no pleito de 2022, os parlamentares do partido não se envolveram como o esperado em sua campanha. À época, Kalil se viu obrigado a ficar apenas com a adesão ao seu projeto, por parte do PT e de grupos ligados ao movimento, em defesa da candidatura do então candidato à presidência, Lula (PT).
Desde então, esse posicionamento, especialmente dos deputados estaduais, ficou entalado na “garganta” de Kalil. É sempre bom rememorar que o ex-prefeito não teria problemas maiores de relacionamento com o atual chefe do Executivo, Fuad Noman (PSD), pois manteve alguns cargos importantes, cujos titulares são da cota pessoal do antigo mandatário da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), como na Secretaria de Esportes e na Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
Na sucessão municipal de 2024, o político mudou de itinerário, anunciou sua saída do PSD e filiou-se ao Republicanos, devendo fazer parte da cúpula para coordenação do candidato Mauro Tramonte. Um capítulo eivado de perplexidade e, porque não dizer, controvertido. Matemáticos da política mineira não estão convictos no tangente a uma possível transferência de votos dele para o deputado Tramonte.
Bolsonaro e Zema
Relativamente a possível transferência de votos, especula-se que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua popularidade e definição ideológica, teria um preponderante potencial de turbinar o nome do candidato de seu partido, o deputado Bruno Engler, na tentativa de conquistar a PBH.
Essa percepção colocaria em segundo plano a importância da adesão do governador Romeu Zema (Novo), diante do seu declarado apoio para a chapa Tramonte/Luísa Barreto (Novo). Como se sabe, na última eleição, o ex-presidente Bolsonaro venceu o pleito na capital mineira e ainda tem por aqui uma popularidade significativa, especialmente, junto ao público formador de opinião.
Resta, por fim, uma especulação nos bastidores do Senado, indicando que a candidatura de Tramonte terminou por desidratar a corrida eleitoral de Bruno Engler. Ainda existiria um acordo do tipo: no segundo turno, o deputado Tramonte e o prefeito Fuad se uniriam contra quem fosse para a segunda etapa da peleja. Assim, o cenário relacionado à sucessão pela PBH muda mês a mês. Neste início de ano, o nome de Bruno Engler era avaliado como imbatível na visão dos bolsonaristas, porém, essa não é mais a realidade de hoje.