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Empresas mineiras podem ter prejuízo de R$ 1,1 bilhão com catástrofe no Sul

Comércio por atacado e varejo sofrerão maior impacto / Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A tragédia no Rio Grande Sul pode causar impactos na economia de Minas Gerais, conforme revela o estudo “Impactos Econômicos Potenciais” produzido pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), a partir de dados da Secretaria de Estado da Fazenda e da Fundação João Pinheiro. A redução no faturamento das empresas mineiras que mantêm negócios com aquele Estado pode ser de R$ 1,1 bilhão neste ano.

O comércio por atacado e varejo, produção de ferro e siderurgia, abate de carne, pesca e laticínios são os setores mineiros que mantêm relação comercial com o Rio Grande do Sul e que sofrerão maior impacto no faturamento. A análise do cenário do comércio entre os dois Estados aponta ainda para queda de cerca de R$ 200 milhões na renda das famílias mineiras em função das consequências da situação no mercado de trabalho.

Além disso, há estimativa de retração no Produto Interno Bruto (PIB) mineiro em 0,1% ao final de 2024. Do ponto de vista do cenário econômico, considerando as medidas já anunciadas e as perspectivas futuras, os efeitos não devem ser permanentes sobre o estoque de empregos, afirma o economista-chefe do BDMG, Izak Carlos da Silva.

“Setorialmente, as consequências devem ser distintas. Os segmentos de comércio por atacado e varejo, dadas as suas características mais sensíveis à atividade econômica, devem ter os impactos mais significativos. Minas é afetada porque o Estado tem interdependência produtiva com o Brasil todo, principalmente com o Rio Grande do Sul”.

“Dois fatores levam a esse efeito negativo. O primeiro é decorrente da redução do faturamento em todo o setor da atividade econômica e da retração da renda. Isso significa dizer que como podemos ter perdas e diminuição no volume de salários pagos, os funcionários compram menos, e com isso, temos um impacto natural no comércio por atacado e varejo”, acrescenta.

Já no segundo fator, Silva explica que com a compra e venda de mercadorias do Rio Grande do Sul, pelos estabelecimentos mineiros, pode acontecer uma redução na oferta desses produtos. “Sobra menos itens dessa localidade para vender e, consequentemente, vai impactar no faturamento. Porém, a estimativa no comércio de atacado e varejo não será grande, algo em torno de 7,3%”.

Importações e exportações

Em 2022, Minas Gerais importou R$ 1,91 bilhão a mais do que exportou para os gaúchos. Entre todo o Brasil, o Rio Grande do Sul ocupa a sétima colocação no ranking de parceiros comerciais dos empresários mineiros, segundo a balança comercial dos dois Estados.

Conforme o estudo, entre os produtos que Minas Gerais mais compra dos gaúchos, o maior impacto tende a ser em automóveis e tratores, que correspondem a 31,8% do volume de importados do Rio Grande do Sul. Já o setor mais afetado deverá ser o da agricultura, que representa 9,7% de tudo que Minas Gerais compra desse Estado do Sul do país.

Contudo, Silva afirma que o impacto na agricultura será menor que no setor varejista. “Pois, a consequência no segmento agrícola mineiro deriva de alguma medida do que compramos no Rio Grande do Sul e que deixa de atender à demanda que temos em Minas. Quanto menor for o volume de importações de produtos da agricultura e da pecuária do Estado do Sul, menor vai ser o impacto em Minas. Assim, fica evidente que compramos muito mais produtos para revender, que é o comércio por atacado e varejo, do que para subsistir a agricultura local”.

Na outra ponta, analisando o que Minas vende para os gaúchos, ferro fundido, ferro e aço são os produtos que podem sofrer maior reflexo, já que lideram as exportações para o Rio Grande do Sul, com 16,7% do total. Em seguida, aparecem automóveis e tratores, com 12,7%.