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Mercado vegetariano cresce e já fatura mais de R$ 15 milhões por ano no Brasil

O vegetarianismo e o veganismo têm quebrado inúmeras barreiras nos últimos tempos. Prova disso é que o interesse da população por esses estilos de vida está crescendo. Atualmente, estima-se que 14% da população brasileira seja vegetariana ou vegana. Mas, dados de uma pesquisa feita pelo Ibope, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), apontam que 55% das pessoas comeriam mais produtos veganos se estivesse indicado na embalagem e 60% consumiria mais se o valor fosse o mesmo das comidas comuns.

Esse crescimento está impactando o mercado vegetariano que fatura cerca de R$ 12,5 milhões anuais e o vegano que injeta R$ 2,8 milhões na economia brasileira a cada ano. O lucro global desses produtos é de cerca de US$ 51 bilhões. A Itália foi o país com o maior crescimento (94,4%) da população vegetariana do mundo dos últimos cinco anos.

O secretário executivo da SVB, Guilherme Carvalho, explica que esse aumento não é de hoje. “De 2012 pra cá, o número de brasileiros vegetarianos e veganos têm crescido consideravelmente. Mas, a quantidade de pessoas que estão interessadas em reduzir o consumo de carne também tem impulsionado de forma significativa esse nicho”.

O mercado, segundo Carvalho, acordou. “Estamos vivendo uma grande mudança. E isso está gerando um ciclo muito importante de oferta e procura. Vários produtos estão sendo lançados por pequenas marcas, mas também por grandes multinacionais. Ainda vamos ver muita coisa acontecer até o fim do ano”.

Segundo o secretário da SVB, isso facilita para que as pessoas reduzam o consumo de carne, mas, principalmente, para quem deseja seguir esse estilo de vida, principalmente, no que se refere ao preço dos produtos. “Ainda existe um obstáculo em relação ao valor que esses produtos são ofertados. Isso não se justifica pela matéria prima, pois os principais ingredientes usados na alimentação vegana são cereais, grãos, legumes, frutas e, eventualmente, castanhas e cogumelos. 95% dos alimentos são baratos”.

Contudo, alguns produtos ainda chegam na prateleira com um valor mais alto. “Principalmente os industrializados, como hambúrguer e queijo vegano. Isso ainda é um desafio a se vencer, mas estamos no começo da mudança. Vários itens já estão chegando em uma escala que permite com que o preço seja competitivo com o restante do mercado”.


Vegana há 6 anos, a psicoterapeuta Ellen Cruz observa uma mudança significativa no mercado. “No começo era difícil achar algumas coisas, tudo muito caro e tinha pouca informação também. Eu lia muito sobre o veganismo em sites gringos, porque aqui no Brasil a ideia não era compreendida e, por isso, não era muito aceita”.

Hoje, ela observa uma facilidade maior. “Faço parte de grupos na internet voltados à comunidade vegana e sigo vários blogueiros que ensinam diversas receitas que cabem em todo tipo de bolso. Além disso, já consigo achar restaurantes e delivery’s que oferecem essa comida. Antes, sempre tinha que levar de casa”.

Contudo, Ellen ainda observa certas resistências. “Em eventos sociais, principalmente, até dentro do meu círculo de amizades, é difícil as pessoas refletirem que um ou outro convidado pode não comer ingredientes de origem animal. Então acontece de eu ter que lembrar ou, até mesmo, pensar em um plano B. Mas entendo que é algo ainda considerado incomum e não cultural no Brasil”.

Visibilidade: Este ano, um prato vegano foi campeão da 20ª edição do ‘Comida di Buteco’.

Identificação
Carvalho explica que muitos ainda têm dificuldade em identificar o alimento vegano. “Ficamos dependentes da autodeclaração das empresas, ou seja, elas rotularem seus produtos como veganos. Mas isso às vezes não acontece, seja por insegurança das marcas ou por não entenderem o valor disso”.

Para isso, a SVB criou o Selo Vegano. “Hoje, cerca de 1.500 produtos são certificados, mas não significa que os que não têm o selo não são veganos. Buscamos as informações necessárias para dar uma segurança de que, de fato,

aquele produto segue os ideais veganos”, conclui.