Os novos contratos de aluguel em Belo Horizonte atingiram alta de 3,71% entre janeiro e março, em comparação com o último trimestre de 2023, apontando uma desaceleração do mercado residencial de aluguel. Além disso, foi o menor patamar registrado em um primeiro trimestre desde 2021. Os dados são do índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb.
A redução na taxa de crescimento ocorre após 2023 ser marcado pelo forte aumento dos valores dos imóveis em Belo Horizonte. No primeiro trimestre do ano passado, os preços subiram 13%, em comparação entre outubro e dezembro de 2022, por exemplo.
A capital registrou um valor médio do metro quadrado de R$ 34,98. Segundo o indicador, todas as três tipologias contribuíram para a desaceleração. O preço médio por tipo de imóvel ficou em R$ 31,65 para os de três quartos, uma variação de 1,8% no mês; R$ 33,58 para os de dois dormitórios, oscilação de 0,94%; e de R$ 50,38 para os imóveis de um quarto, tendo diferença de 1,44%.
O especialista em dados do QuintoAndar, Pedro Capetti, afirma que é uma boa notícia para aqueles que procuram alugar um imóvel em Belo Horizonte. “Com os preços subindo de forma moderada, as famílias conseguem ter um planejamento maior para fazer a locação. Somente em 2023, a alta em 12 meses caiu dez pontos percentuais”.
Para o economista Wallace Pereira, os mercados são caracterizados por ciclos de alta e baixa. “Ano passado houve um crescimento dos preços e o que se observa agora é a desaceleração do ritmo de aumento com tendência à estabilização”.
“Os motivos estão ligados ao fim da expansão de demanda dos últimos cinco anos e ao aumento da oferta de novos imóveis. Além disso, a disponibilidade de crédito, o crescimento da renda das famílias e os programas habitacionais do governo, voltados para a compra da casa própria, estão estimulando o mercado da construção civil. Esses fatores combinados influenciam no preço dos imóveis e no próprio aluguel”, explica.
Ele acredita que a construção civil começou a aquecer e novos imóveis estão em processo de produção. “As expectativas dos empresários do setor estão mais positivas, o que estimula a oferta de novos imóveis. Com a progressiva melhora da economia, os consumidores também estão dispostos a contratar financiamentos para aquisição da casa própria. Assim, estaremos entrando em uma fase de crescimento de aquisição e estabilidade do mercado de aluguéis”.
Bairros mais valorizados
Conforme a sondagem, os locais mais valorizados da capital, nos últimos 12 meses, foram os bairros: Santo Agostinho (38,6%), Santa Amélia (35,9%) e Carlos Prates (35,8%). O estudo afirma que são áreas que estão se desenvolvendo rapidamente e têm potencial para oferecer retorno no futuro.
Já os mais desvalorizados, nos últimos 12 meses, foram: São Pedro (-25,3%), Estoril (-12,4%) e Havaí (-8,7%). O QuintoAndar ressalta que os bairros menos valorizados podem estar se revitalizando ou passando por mudanças que podem levar à valorização.
O estudo também mostrou as localidades mais caras da cidade no mês, com base no preço médio do metro quadrado. Em primeiro lugar ficou o bairro de Lourdes (R$ 59,70), seguido pela Savassi (R$ 57,40) e Santo Agostinho (R$ 54,30). O economista aponta que os principais fatores econômicos que influenciam os valores do aluguel são: a localização do imóvel; o tamanho, a idade e o estado de conservação; e o grau de segurança do bairro.
Outras capitais
A pesquisa analisou também, além de Belo Horizonte, mais cinco capitais. São Paulo registrou um valor médio do metro quadrado de R$ 62,68, com variação de 4,78% no ano. Já em Brasília, o preço foi de R$ 46,03, variação de 6,67%; Rio de Janeiro, R$ 40,47, com 5,61% de variação; Curitiba registrou um valor médio de 38,98, variação de 7%. E por último, Porto Alegre com R$ 33,89, variação de 5,51%.
Pereira finaliza elucidando os impactos desses índices na economia. “Com a desaceleração, os inquilinos passam a dispor de mais renda que pode ser utilizada para o consumo de outros produtos. O segundo ponto se dá sobre o próprio mercado de aluguéis. A redução torna o retorno do investimento menos atrativo, e os proprietários tendem a alocar seus investimentos em outros ativos mais rentáveis”.