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Estudo mostra que trombose causa 165 internações por dia no Brasil

489 mil foram hospitalizados entre 2012 e 2023 / Foto: Divulgação

 

Somente nos oito primeiros meses de 2023, cerca de 165 pessoas foram hospitalizadas todos os dias na rede pública para tratar de tromboses venosas. Ao todo, 489.509 brasileiros foram internados entre janeiro de 2012 e agosto do ano passado, segundo revela um estudo da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).

O Sudeste responde por 53% (258.658) de todos os registros. Já o Norte contabiliza menos internações pela doença: 25.193 casos de trombose venosa notificados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São Paulo foi o estado que mais contabilizou internações, com 131.446 registros. Em seguida, aparecem Minas Gerais (77.823), Paraná (44.477) e Rio Grande do Sul (40.603).

O angiologista e cirurgião vascular da Unimed-BH, Eduardo Tomich, explica que a trombose venosa é a formação aguda de um coágulo em uma veia ou em uma artéria. “Ela causa uma obstrução total ou parcial do fluxo de sangue. Acomete, principalmente, as veias das pernas e pode ser motivada por uma alteração da coagulação do sangue, modificação do fluxo sanguíneo ou lesão da camada interna da veia”.

“Metade das pessoas que têm trombose venosa são assintomáticas ou apresentam poucos sintomas. Os indícios mais característicos são o edema de perna; inchaço; endurecimento; e alteração de coloração, podendo ficar mais avermelhada, quente e dolorida ao toque. Quando envolve outras veias costuma formar edema também nos pés e coxas”.

Ele acrescenta que alguns pacientes podem apresentar o sintoma de embolia pulmonar. “Que é a dor torácica e a falta de ar devido a esse êmbolo dentro do pulmão. Às vezes, pode ser o indício da trombose, ou seja, a primeira manifestação de uma complicação grave”.

O estudo da SBACV revela que 122.047 brasileiros já foram internados para o tratamento de embolia pulmonar. Em números absolutos, o Sudeste é a região que mais sofre com o problema, reunindo mais da metade dos registros do país (56.065). O estado de São Paulo foi o que mais contabilizou internações ao longo da série histórica, com 30.664 notificações, seguido por Minas Gerais (19.771), Rio Grande do Sul (9.542) e Paraná (7.707).

 

Principais causas

Segundo o angiologista, as causas da trombose venosa são conhecidas como tríade de Virchow. “O paciente teria que ter um ou mais desses três fatores para ter a patologia. Que seriam a lesão do revestimento da veia, a tendência elevada à formação de coágulos sanguíneos e a redução do fluxo do sangue”.

“O uso de anticoncepcionais seria um exemplo de causa, sobretudo orais com estrógenos, pois aumenta em três a seis vezes o risco de trombose venosa. Estariam relacionadas com a ampliação da incidência, as alterações sanguíneas, como o crescimento de fatores de coagulação e diminuição de fatores protetores”, explica.

Tomich pontua que a prevenção da trombose é fundamental. “Medidas como atividade física diária, controle de peso, hidratação constante, abolição do tabagismo e avaliação com especialista em angiologia, quando houver histórico familiar de trombose venosa, contribuem com a prevenção”.

“Além disso, a ação de métodos físicos – como elevação dos membros inferiores, fisioterapia e o uso de meias de compressão graduada – e farmacológicos, com o uso de drogas anticoagulantes e inibidores da atividade plaquetária também auxiliam na redução de riscos em pessoas já identificadas com grandes probabilidades de desenvolver a patologia”, conclui.

 

Vencendo a doença

A utilização do contraceptivo foi a causa da trombose mesentérica – tromboembolismo na veia porta do intestino – que acometeu a gerente de comunicação, Elis Souza, 40 anos, em 2021. “Foram dez dias de muitas dores abdominais e nas costas, após uma infecção intestinal, e três dias de internação para obtermos o diagnóstico”, lembra.

“Desenvolvi duas hérnias e não pude fazer a cirurgia. Hoje, já estou liberada, uma vez que posso ficar mais de dez dias sem tomar as medicações. No entanto, mesmo fazendo todo o tratamento e seguindo as recomendações médicas para prevenção de novos episódios, sinto medo de passar por tudo novamente”.