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BH completa 30 meses com altas consecutivas no preço do aluguel

Valor médio do metro quadrado atingiu um novo recorde / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Desde novembro de 2022, os moradores da capital mineira não observaram queda nos valores cobrados na cidade. Dados do Índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb mostram que o mercado de aluguéis residenciais de Belo Horizonte completou, em maio, o 30º mês consecutivo de alta nos preços.

O preço médio do metro quadrado atingiu um novo recorde, R$ 41,67, uma alta de 0,37% em relação a abril. Somente neste ano, o valor médio já acumula alta de 8,63%. Na questão nacional, São Paulo aparece com o valor mais alto (R$ 68,91), seguido por Brasília (R$ 53,42), Rio de Janeiro (R$ 45,50), Curitiba (R$ 44,92) e Porto Alegre (R$ 38,25).

Segundo o estudo, entre os fatores que explicam essa valorização prolongada estão questões econômicas e o estoque reduzido de imóveis disponíveis, que desequilibram a relação entre oferta e demanda, pressionando os preços para cima.

“Esse movimento contínuo de alta expressiva decorre do cenário macroeconômico e também da escassez de imóveis para alugar em Belo Horizonte. Outros indicadores do setor também apontam para uma valorização significativa, tanto nos preços quanto na rentabilidade dos imóveis”, afirma Pedro Capetti, especialista em dados do QuintoAndar.

Em sua avaliação, ainda é cedo para traçar uma tendência para o restante do ano. “No entanto, o crescimento observado até maio de 2025 já supera o registrado no mesmo período de 2024. Fatores como renda, desemprego, taxa de juros e variáveis locais podem influenciar a dinâmica dos preços nos próximos meses”.

Para o especialista em finanças e economia e professor do Centro Universitário UNA, Rodrigo de Felippe Rabello, uma combinação de alta demanda, juros altos que dificultam a compra e oferta limitada, justificam a alta de preços. “O retorno ao trabalho presencial e o desejo por localizações mais centrais também pressionam os valores para cima. Esse cenário de valorização deve se manter no curto e médio prazo, só tende a desacelerar quando houver mais oferta, queda nos juros ou ajustes na renda da população”.

Ele acredita que os riscos de bolha no setor de locação ainda são baixos. “Se os aluguéis subirem além da capacidade das famílias, o mercado se ajusta por meio do aumento da vacância e da queda nos preços. Porém, temos bolhas imobiliárias recentes em várias cidades pelo mundo. Por isso, deve ser um tópico de atenção constante”.

Rabello acrescenta que Belo Horizonte carece de políticas habitacionais robustas e planejamento urbano que incentive mais oferta de moradias bem localizadas. “O problema é que as políticas públicas na capital mineira visam, de modo geral, o curto prazo e se esquecem de problemas de longa duração”.

Bairros mais valorizados

Nos últimos 12 meses, todos os 35 bairros monitorados da capital registraram aumento nos preços. Os cinco locais mais valorizados no último ano são: Luxemburgo (60%), Ipiranga (47,3%), Barro Preto (46,2%), Santa Efigênia (45,2%) e Heliópolis (35%). No período, nenhuma região apresentou desvalorização.

A pesquisa também apresentou os bairros mais caros da cidade no mês com base no preço médio do metro quadrado. Savassi aparece em primeiro lugar (R$ 69,7), seguido por Lourdes (R$ 68,4), Barro Preto (R$ 66,3), Luxemburgo (63,8) e Santo Agostinho (61,8).

Impacto no setor

O especialista nas áreas administrativa, financeira e econômica e professor no Centro Universitário UNA, Sérgio Rausses, esclarece que quando os índices Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Geral de Preços – Mercado (IGP-M) sobem, indicam aumento dos preços e afetam o mercado imobiliário de várias maneiras.

“Construir imóveis fica mais caro, o que pode reduzir a oferta de novos empreendimentos ou elevar os preços dos existentes. Uma alta nesses índices faz com que os valores de aluguéis aumentem, impactando os inquilinos e o mercado de locação. Por último, a inflação alta pode levar a uma valorização geral dos imóveis, já que os ativos imobiliários tendem a acompanhar a inflação, o que pode atrair investidores”, pontua.

Rausses ressalta ainda que as consequências da alta desses índices na economia podem elevar os custos e os preços no mercado imobiliário. “Influenciando tanto os valores de venda quanto os de aluguel, além de afetar a oferta e a demanda”.