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ALMG discute uso de telas por crianças e adolescentes

Foto: Sarah Torres/ALMG

Solicitada pelo deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), a audiência pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) reuniu especialistas de diversas áreas para aprofundar a discussão e sugerir novas propostas de abordagem sobre a utilização de eletrônicos por crianças e adolescentes. Durante reunião da Comissão de Esportes, Lazer e Juventude, no dia 23 de maio, ficou concluído que o uso desses aparelhos deve ser controlado pelos pais e pela sociedade, além de ser necessário equilíbrio com atividades físicas e interações sociais de forma presencial.

Segundo João Tomayano, educador social da Associação Profissionalizante do Menor (Assprom), os meios de entretenimento dos adolescentes acabam se resumindo aos eletrônicos, como celulares, tablets e computadores. “O vício traz consigo problemas de saúde física e, principalmente, mental, como ansiedade, depressão e dificuldades de socialização”.

Para Marcelle Bacellar, titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos, o uso das novas tecnologias é benéfico em algumas situações, porém, é importante traçar parâmetros para que o uso não se torne prejudicial. “Limites devem ser estabelecidos pelos pais e obedecidos pelos filhos”, afirmou ela, defendendo o equilíbrio da interação digital com atividades físicas e relacionamentos sociais presenciais com outros adolescentes.

A delegada acrescentou que as regras têm que ser estabelecidas de forma precisa. “O usuário deve saber em quais dias e por quantas horas pode usar o aparelho. Também é recomendado configurar filtros de conteúdo nos celulares para que as crianças não acessem sites impróprios para a idade deles. Os pais devem estreitar ao máximo a relação com seus filhos”, concluiu.

Na avaliação do promotor de Justiça Mauro Ellouvitch, coordenador do Grupo de Atuação de Combate aos Crimes Cibernéticos, além da necessidade de controle e monitoramento, os pais precisam entender o funcionamento dos aplicativos. “Isso permitirá que eles orientem seus filhos para situações na internet, como assédio, abordagem inadequada, desafios on-line”.

Ele completou que os responsáveis devem promover uma conversa franca com os adolescentes para que não se exponham a pedófilos, golpistas e nem a comportamento de risco na web, que poderia levá-los até a cometer atos infracionais. “Recentemente, investigamos adolescentes que faziam alertas falsos de ataques a escolas. Nesse sentido, é importante orientá-los de que não estão invisíveis na rede e de que pode haver consequências”.

Paula Figueiredo, diretora do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), avalia que a sociedade atual produz novas formas de sofrimento e ela mesma deve atuar para ajudar as pessoas a saírem dessa situação. “Os tempos modernos produzem subjetividades em uma vida de excessos no sofrimento e no consumo de drogas, pornografia e eletrônicos”.

A correção do rumo atual passa pelo financiamento adequado de políticas públicas, para permitir que os pais possam ficar com seus filhos. “Os responsáveis também estão cansados, temos uma ‘máquina de moer subjetividade’, fazendo com que sofram as mães das classes humildes e também as das classes privilegiadas”, completou.

Ações

Maria Thereza Fonseca, vice-presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte, propôs que a priorização máxima das crianças e adolescentes, como prevê a Constituição Federal, deve ser traduzida em recursos orçamentários. A conselheira defendeu ainda a realização de campanhas educativas sobre a temática.

Por fim, Alencar da Silveira Jr. anunciou que a Casa vai iniciar, em breve, uma campanha de conscientização sobre o uso excessivo de telas. Outra proposta da comissão foi a de acionar a Secretaria de Estado de Educação para que também promova campanha similar nas escolas estaduais.