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Exposição “Mais vasto é meu coração” reflete a relação entre arte e medicina

Foto: Divulgação

 

Está em exposição na PQNA Galeria Pedro Moraleida, no Palácio das Artes, a mostra “Mais vasto é meu coração”, da artista e médica Silene Fiuza, que convida o público a apreciar a relação entre a anatomia humana e a arte. O material é parte das celebrações do Dia Internacional da Mulher e reitera o compromisso da Fundação Clóvis Salgado (FCS) em reconhecer, celebrar e analisar a contribuição das mulheres para o mundo das artes. A entrada é gratuita e fica em cartaz até 5 de maio. O horário de funcionamento é de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e domingo, das 17h às 21h.

São 20 obras que trazem a transformação da vida através de uma visão poética de tecidos, músculos, ossos e órgãos, e conta com elementos como radiografias, cores neon e padrões de hemoglobinas, que a artista utiliza em suas pinturas e colagens para propor um novo olhar sobre o corpo humano.

O título “Mais vasto é meu coração” é uma homenagem ao “Poema de Sete Faces”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Além das imagens radiológicas da anatomia humana, que integram as colagens sobre camadas de tinta acrílica, as obras também trazem imagens retiradas de revistas e livros. A artista se vale ainda de suportes como alternativa para as telas, tipo caixas de acrílico, madeira e papel cartão.

“Na medicina, a gente trabalha muito com a circunstância da dor e do medo de morrer. Essa relação acabou me despertando um novo modo de ver as imagens. Enxergava nos exames alguma angústia da pessoa, mas procurava olhar algo positivo, como flores, folhas, coisas que pudessem amenizar aquele sentimento de medo. O corpo da gente fala e tento colocar esses sentimentos nas criações. Já o coração tem uma presença mais forte nessa exposição, pelo que ele representa não só anatomicamente, mas de uma forma também sentimental”, afirma Silene Fiuza.

A curadora da exposição, Uiara Azevedo, explica que a programação de 2024 nas artes visuais está muito pautada nos poemas de Carlos Drummond de Andrade. “Quando a gente se deparou com o trabalho da Silene, que envolve essas pesquisas do corpo e radiografias, o coração estava sempre presente em tudo, ao mesmo tempo como um órgão e também como uma poética. Tomamos a decisão, juntamente com a artista, de colocá-lo como o lugar mais importante da exposição”.

Ela conta que a Silene possui uma particularidade interessante. “Ela é uma artista mais velha, na qual as artes visuais foram a sua segunda profissão. Acho isso muito positivo para o público entender que uma jovem produção não está necessariamente ligada a um jovem artista, acabando com esse paradigma que você precisa começar cedo ou não será possível seguir o sonho”.

 

A artista

Aos 65 anos, a belo-horizontina Silene Fiuza é graduada em Medicina e especializada em Radiodiagnóstico por Imagem, trazendo consigo uma bagagem de conhecimento adquirida ao longo de uma vida dedicada à medicina e, mais recentemente, à arte. Durante a faculdade, sua turma realizava a dissecação de cadáveres, e a prática despertou sua curiosidade sobre a anatomia do corpo humano. Hoje, a artista já expôs suas obras no Museu Mineiro e no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.

“Descobri a arte depois que me formei na tentativa de buscar algo para fazer nas poucas horas vagas. Foi quando achei um livro sobre iniciação às artes e nessa experimentação surgiu uma vontade de conhecer e aprender mais as técnicas de pintura. Desde então, venho me aperfeiçoando e descobrindo minha vocação artística fazendo trabalhos autorais baseados nas experiências médicas somadas à uma visão mais artística”, conclui.