Texto é uma versão do norte-americano Paul Rudnick
Até o dia 10 de dezembro, o público de Belo Horizonte poderá assistir a comédia “Eu Odeio Hamlet”, uma adaptação do espetáculo “I Hate Hamlet” do escritor norte-americano Paul Rudnick no espaço cultural da Funarte MG, na região Central. A versão brasileira conta com 17 estudantes da Graduação em Teatro da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no elenco, com a proposta de levar as produções feitas pelos alunos para fora do campus.
“Eu odeio Hamlet” tem a direção da atriz e professora Mariana Lima Muniz, que viu a versão original da peça há mais de 20 anos e resolveu fazer essa adaptação para os alunos da graduação. “Estava buscando textos e não encontrava nada que eu gostasse em sua totalidade. Me lembrei da peça que havia visto em 2001 e pensei que seria uma boa ideia traduzi-la e adaptá-la. Depois desse trabalho, começamos os ensaios e os atores se identificaram muito com o texto”.
A peça aborda a jornada de Andrew Rally, um galã de TV em ascensão, que ao ter sua série cancelada em Los Angeles, muda-se para Nova York para fazer teatro. Após conseguir um papel, o jovem se desespera ao saber que interpretará o protagonista da maior peça de teatro já escrita: Hamlet. Convencido pela corretora de imóveis Felícia, ele aluga o apartamento onde morou o falecido ator John Barrymore, famoso por sua atuação como o príncipe dinamarquês em 1922. Obstinada a garantir o contrato, Felícia organiza, ali mesmo, uma sessão espírita para invocar o astro dos anos 1920.
Segundo Mariana, a versão brasileira passou por algumas adaptações. “Mantive grande parte dos nomes originais, mudei apenas os que eram muito difíceis de pronunciar. Também alterei o gênero de uma personagem, o que acabou provocando uma relação amorosa lésbica. No meu ponto de vista, isso deixou a peça ainda mais interessante”.
A diretora conta que não houve muita dificuldade em adaptar o texto de Paul Rudnick, por ser muito direto e dinâmico. “O grande desafio mesmo foi em relação às piadas e trocadilhos que a peça possui. Tentar manter o sentido na tradução para que funcione em português”.
Sobre os desafios para os atores e atrizes, a autora destaca que eles têm que entender e se apropriarem do texto e da cena em várias camadas para fazer os personagens viverem e o teatro ressoar. “Depois disso, ainda precisam falar o texto de forma inteligível para o público. Há cenas muito íntimas que, caso fossem feitas no cinema, não haveria necessidade de projeção vocal. No teatro, existe a necessidade de projetar a voz para que o público te ouça, entenda e viaje contigo naquele universo ficcional”.
Em “Eu Odeio Hamlet”, a tragédia shakespeariana considerada uma das mais belas já escritas, é metamorfoseada em uma comédia paródica que expõe a glória e o ridículo da atuação. “Uma homenagem ao fazer teatral e àqueles que dedicam suas vidas a este ofício. Em meio a reviravoltas, manifestações sobrenaturais e personagens excêntricos, a peça toma como referência a década de 1990”, explica Mariana.
“Isso provocou um jogo interessante, quase arqueológico, pois a maioria dos atores nasceu após os anos 2000, já no século 21. Acredito que, apesar das adaptações realizadas, mantivemos a essência do texto de Rudnick evidenciando seu contexto e momento histórico”, conclui.
Serviço
“Eu Odeio Hamlet”
Dias: 1º, 2, 3, 7, 8, 9 e 10 de dezembro
Horários: Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h.
No dia 8 de dezembro, haverá uma sessão extra às 17h.
Local: Funarte MG – Galpão 1 (Rua Januária, 68 – Centro)
Ingressos: Retirada gratuita no site ou 1 hora antes de cada apresentação na Funarte MG
Classificação: 12 anos
