Pelo senso comum, a língua portuguesa é considerada uma das mais difíceis do mundo. E a falta de sua aplicação gramatical correta tem causado consequências para quem está fora do mercado de trabalho. Segundo pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), 40% das pessoas que buscam uma recolocação são eliminadas durante o processo seletivo por conta de erros de português. Vale ressaltar que o país fechou 2016 com mais de 12 milhões de desempregados.
O professor e criador do aplicativo Aprendi com o Papai, Marcelo Batista, explica que o português é uma língua considerada difícil, assim como outras disciplinas porque, hoje, no Brasil, o ensino de base tem se mostrado ineficiente e, também, pela grande quantidade de regras.
Outro fator que o docente destaca é o método de ensino da educação básica. “As escolas trabalham a disciplina de uma maneira pouco direcionada para os aspectos gramaticais no cotidiano. E, muitas vezes, o aluno se sente desmotivado e passa a considerar que a língua portuguesa é pouco prática para o dia a dia. Se tivesse uma relação mais clara entre a língua e as dúvidas que os alunos podem ter no dia a dia, o ensino seria mais contagiante para eles”.
Para melhorar o nível de conhecimento, Batista diz que é preciso que a pessoa busque ter uma boa bagagem de leitura. “Fazer o estudo dos principais autores da literatura brasileira é importante para ter acesso ao padrão culto da língua. E, obviamente, sempre que puder aprimorar a questão da comunicação escrita e praticar em atividades cotidianas para aperfeiçoar para o aspecto linguístico”.
Em relação a oratória, o professor destaca que a neurolínguistica envolve a comunicação como um todo. “É comum que as pessoas com boa oratória, sejam aquelas que tem maior bagagem de leitura e o costume da escrita”.
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Em seleção
Na hora da seleção, a psicóloga e analista de recursos humanos, Rosells Tassiane, diz que, além dos pontos técnicos específicos de cada vaga, uma das formas utilizadas para a seleção é a redação. “Infelizmente, percebemos que existe dificuldade de alguns candidatos em relação a língua portuguesa, mas, na verdade, o que é mais cobrado são os conhecimentos técnicos. Quando é um cargo mais estratégico, o português e outras línguas são um fator-chave. Há eliminação quando os erros são muitos graves”.
A analista destaca ainda que nas vagas estratégicas é difícil encontrar profissionais qualificados. “As pessoas estão perdendo o hábito da leitura. E, hoje, as empresas querem a mão de obra pronta. Existe uma dificuldade em desenvolver esse profissional, por isso há essa expectativa de se ter um funcionário completo”, conclui.