De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, o mercado de trabalho brasileiro registrou fechamento líquido de 431.011 vagas com carteira assinada em dezembro de 2022, terminando o mês com saldo negativo. O resultado decorreu de 1.382.923 milhão de admissões e de 1.813.934 milhão de desligamentos. O estoque, que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos, atingiu 42.716.337 milhões em dezembro de 2022, o que representa uma queda de 1,0% em relação ao estoque do mês anterior.
Em dezembro, os cinco grandes grupamentos de atividades econômicas registraram saldos negativos: comércio (-17.275 postos), agropecuária (-36.921 postos), construção (-74.505 postos), indústria geral (-114.246 postos) e serviços (-188.064 postos). Por região, todas também ficaram com saldo negativo para a abertura de vagas: Norte (-27.143 postos de trabalho), Nordeste (-52.018 postos de trabalho), Sudeste (-212.362 postos de trabalho), Sul (-102.993 postos de trabalho) e Centro-Oeste (-35.740 postos de trabalho).
A economista Renata Camargos conta que essa desaceleração reflete principalmente problemas domésticos acumulados nos últimos anos, como baixa competitividade, poucos ganhos de produtividade e sucessivas crises econômicas. “O Brasil cresce pouco e tem uma necessidade muito grande. O problema fiscal tem afastado os investimentos, tem sido uma preocupação e fomentado inclusive mais inflação e juros altos”.
Ela diz que o aumento da população ocupada ocorreu em um ritmo mais lento no final de 2022, mas é significativo e contribui para a queda da desocupação. “Os números de dezembro podem sinalizar uma perda de fôlego da geração de vagas de trabalho, mas temos que levar em conta que viemos de sucessivos crescimentos, ao todo, 2022 foi melhor que o esperado. A desaceleração vem de um ritmo menor da economia e o cenário para 2023 pode ser parecido. Ainda temos o crédito e o consumo mais difícil, contexto internacional que traz preocupações e também turbulência política”.
O salário médio de admissão de novos empregados com carteira assinada ficou em R$ 1.915,16 em dezembro do ano passado, conforme divulgado pelo Caged. Em novembro, estava em R$ 1.933,06, comparado ao mês anterior, houve queda real de R$ 17,90, uma variação negativa em torno de 0,93% Já o salário médio de demissão ficou em R$ 2.038,70 em dezembro, contra R$ 2.022,92 um mês antes.
Em relação aos postos de trabalho intermitente, modalidade criada pela reforma trabalhista e que permite jornada em dias alternados ou por horas determinadas, foram 7.490 postos. O número foi resultado de 24.333 admissões e 16.843 desligamentos. No chamado regime de tempo parcial, foram registradas 11.674 admissões e registrados 23.886 desligamentos, gerando saldo negativo de 12.212 vagas.
Acumulado 2022
No entanto, o acumulado de 2022 registrou saldo positivo de 2.037.982 milhões de empregos, decorrentes de 22.648.395 milhões de admissões e de 20.610.413 milhões de desligamentos. O resultado líquido, porém, foi pior do que o verificado em 2021, quando foram criadas cerca de 3 milhões de vagas.
No acumulado de 2022, os cinco setores apresentaram saldo positivo de vagas: serviços (1.176.502); comércio (350.110); indústria geral (251.868); construção (194.444); agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (65.062).
A economista destaca que a vacinação da COVID-19 ajudou na criação de postos de trabalho. “A imunização em massa permitiu a reabertura dos negócios e a contratação de muitas pessoas com o retorno à circulação normal. O aumento da ocupação veio principalmente dos empregados com carteira assinada no setor privado”.