Até então um novato na política, o governador Romeu Zema (Novo), em sua primeira entrevista coletiva à imprensa, na euforia por conta do resultado eleitoral que o sagrou como chefe do Executivo mineiro, sentenciou: “Vou enquadrar os deputados estaduais mineiros que estão acostumados à velha prática dos costumes políticos no estado”. Essa foi uma das muitas promessas do atual governador, embora várias de suas pretensões tenham ficado apenas na retórica. Acostumado à labuta do dia a dia da administração de seus negócios na iniciativa privada, Zema como comandante maior de Minas Gerais tropeçou efetivamente em calvários que o fizeram mudar de rota, pois ele ficou zonzo com a gama de demandas, muitas delas seríssimas como a enorme falta de dinheiro em caixa para cumprir compromissos obrigatórios.
Ao longo dos mais de 3 anos no comando do Palácio Tiradentes, o mandatário mineiro se revelou um cidadão simplório, inclusive se dedicando algumas horas do dia em cuidar de afazeres domésticos. No entanto, nos bastidores avolumavam-se temas graves, como a recente greve dos agentes do sistema de segurança pública, que eclodiu em uma manifestação de milhares de grevistas reunidos em praça pública, cujo ato caminhou para a falta da segurança das pessoas.
Caso a atual administração cultivasse o diálogo com os demais poderes, certamente não teria havido o descomunal embate entre o Executivo e o Legislativo. Quanto a este aludido choque de forças, muito se propalou tratar-se de um possível aconselhamento errado de assessores diretos de Zema. Mas, afinal de contas, quem manda: ele ou os seus secretários?
Até mesmo quando tenta usar da velha prática de cooptar deputados estaduais para sua base de sustentação, o governador age de maneira a provocar mais conflito. Segundo dados oficiais, revelados pela imprensa por meses a fio, parlamentares escolhidos de acordo com critérios desconhecidos da população foram privilegiados, recebendo, uma média de R$ 300 milhões das denominadas verbas do orçamento secreto. Porém, nem mesmo concedendo essas benesses houve o retorno suficiente para possibilitar com que os projetos de interesse do governo conseguissem agilidade e aprovações no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde o presidente Agostinho Patrus (PV), tem feito reiteradas críticas ao modo de gerenciar a convivência entre os poderes mineiros.
Em muitas ocasiões, Patrus tem verbalizado por meio de entrevistas ou de discursos, a ausência de interesse em uma preponderante caminhada em harmonia como forma de melhor atender à população mineira. E essa revelação feita pela imprensa acendeu ainda mais a discórdia entre as duas Casas, aumentando a deterioração de um relacionamento que, sabidamente, já vem desgastado há mais de 2 anos.