“Tenho diversos aplicativos de compras instalados. Sempre que aparece uma notificação de promoção, não resisto e acabo adquirindo algo, principalmente, roupas e eletrônicos”. O relato é da designer Verônica Marques, consumidora por impulso assumida. Ela faz parte de uma fatia de 44% da população brasileira que, muitas vezes, fazem compras pela internet sem pensar, segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, em parceria com o Sebrae.
Verônica confessa que nem sempre planeja suas compras. “Recebo novidades no meu e-mail. Acredito que essa comodidade de receber o produto em casa é o que me faz adquirir algo pelo menos uma vez ao mês. Sem contar os descontos oferecidos que nem mesmo a loja física é capaz de disponibilizar. Teve uma ocasião que descontrolei nos gastos e acabei com um valor de fatura alto e não consegui pagar”, conta.
O estudo apontou quais são os produtos e serviços mais comprados por impulso. Comidas e bebidas por delivery (47%) lideram o ranking, seguido pelo segmento de moda e vestuário (42%), itens para a casa (26%) e eletrônicos e artigos de informática (21%). Já entre os motivos mais frequentes para compras impulsivas estão as promoções (61%), ficar navegando no site das lojas (43%) e o recebimento de ofertas de lançamento (28%).
Ainda segundo a pesquisa, os canais de comunicação com os clientes que mais favorecem as compras não planejadas pelos brasileiros são as notificações de ofertas de aplicativos de lojas (58%), os e-mails com ofertas e promoções (49%) e as propagandas no Instagram (48%). De acordo com os internautas, os locais mais utilizados para fazer as compras on-line são os sites (86%) e aplicativos de lojas (79%) e supermercados (68%). O WhatsApp também foi citado e aparece com 46%.
Fazer pesquisa de preço antes de definir uma compra pela internet é um hábito para 98% dos consumidores. Os buscadores de informação (54%) são os mais utilizados. Na sequência aparecem os sites e aplicativos de lojas varejistas (52%), plataformas de comparação de preço (49%). As buscas ocorrem, principalmente, quando vão adquirir celulares e smartphones (52%), eletrodomésticos (49%) e eletrônicos (46%).
Para a psicóloga Lívia Alves, as compras por impulso são uma resposta comportamental. “O consumidor toma a decisão rapidamente e não pensa nas consequências financeiras. Geralmente, a pessoa quer evitar sofrimento ou amenizar uma emoção e acaba criando gatilhos para aquisição. É preciso ficar em alerta, caso essas situações aconteçam com frequência”.
Ela recomenda a não gastar dinheiro em dias em que está mais ansioso, frustrado ou triste. “Faça um planejamento das suas compras antes de realizá-las. Analise a fatura do cartão de crédito. Não adquira itens desnecessários só porque eles estão mais baratos. Geralmente, compras por impulso são acompanhadas por sentimento de culpa, remorso ou dúvida”, esclarece.
Cuidado com endividamento
O especialista em finanças Rafael Souza explica que endividamento significa ter parcelas de compras ou de crédito a vencer. “O problema maior é quando o valor das prestações extrapola o orçamento do consumidor e ele não consegue quitar as faturas. Dessa forma, passa de endividado para inadimplente e ainda pode ter o nome negativado nos órgãos de proteção ao crédito. Isso sem falar nos juros/multas que são cobradas e podem fazer a dívida aumentar mais”.
Ele recomenda ter cautela antes de realizar uma compra. “Primeiro, veja a necessidade de adquirir determinado produto ou serviço. Caso realmente seja útil, verifique se o valor mensal a pagar cabe no orçamento. Faça também pesquisas e comparativos de preços antes de tomar atitude. Durante o pagamento das prestações, evite fazer outras para não correr o risco de inadimplência”, finaliza.