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Mercado pet cresce 35% durante pandemia e atrai novos negócios

Segmento voltado para os animais de estimação deve faturar R$ 50 bilhões este ano | Foto: Pexels/Anna Shvets

A crise econômica bateu à porta de diversos setores conforme a pandemia da COVID-19 avançava e recuava nos últimos 2 anos. O segmento voltado para os animais de estimação, no entanto, só prosperava. Se em 2020, avançou 13,5% e fechou faturando R$ 40,1 bilhões, neste ano, a estimativa é de 22,1% de incremento, consolidando um mercado de R$ 50 bilhões. No acumulado, o setor cresceu cerca de 35% durante a crise sanitária. Os dados são do Instituto Pet Brasil (IPB).

De acordo com a entidade, a população de animais no Brasil é de 144,3 milhões entre cachorros, gatos, aves, peixes e outros. E seus tutores são consumidores assíduos. “Entendemos que, mesmo com as dificuldades impostas pela crise sanitária, as pessoas não deixam de cuidar de seus pets, mesmo que esse núcleo familiar seja composto apenas de um indivíduo que mora com seu animal de estimação”, acredita Nelo Marraccini, presidente do Conselho Consultivo do IPB. O gasto médio mensal com um pet varia de R$ 7,80 (aves) à R$ 422,59 (cães até 45 kg).

Entre as categorias mais consumidas, os produtos ligados à alimentação (pet food), isoladamente, representam R$ 26,8 bilhões, 53% do faturamento. Em seguida, figuram-se a venda de bichos diretamente dos criadores (11,3%), produtos veterinários (10,6%), serviços gerais (9,3%), atendimento veterinário (9,4%) e itens de higiene e bem-estar animal, o pet care, que representava 5,6% do mercado, cresceu 19,3% neste ano.

Atento aos dados bilionários e a tendência de evolução do segmento, o empresário Rodrigo Felipe investiu em um plano de saúde para cachorros. “A ideia veio na pandemia. Já temos uma experiência na área da saúde humana e percebemos a movimentação exponencial no setor pet. Os números demonstram um crescimento de mais de 50% de famílias que adotaram um cão nos últimos 2 anos. Esses ‘bichinhos’ são responsáveis por gerar um faturamento acima de R$ 40 bilhões. Ou seja, existe demanda, pois quase 18%, o que corresponde a cerca de R$ 7 bilhões, são gastos em clínicas e hospitais veterinários”, afirma. Lançado neste mês, os valores do plano vão de R$ 49,99 a R$ 299.

Depois de uma viagem aos EUA, o empreendedor Patrick Peters, em parceria com seus sócios, também percebeu uma lacuna no mercado. “Lançamos o primeiro super suplemento canino do Brasil. Investimos nele, pois entendemos que ainda não existiam soluções avançadas nesse sentido. Tínhamos apenas um mercado de alimentação e medicação consolidado. Mas, não havia produtos para quem quisesse melhorar a saúde dos cachorros, sem precisar trocar de ração ou apelar para medicamentos”, conta.

A ideia deu certo e o portfólio já expandiu para oferta de um suplemento para juntas e articulações e uma fórmula que socorre o animal em caso de ingestão de substâncias impróprias. “Acreditamos que se o mercado de suplementação nacional acompanhar o modelo de crescimento dos EUA, assim como aconteceu com rações e serviços especializados, esse segmento vai crescer mais de 10 vezes nos próximos 5 anos, chegando a quase R$ 2 bilhões anuais. O tutor está cada vez mais exigente e buscando o melhor para seus cachorros porque o pet figura como um membro da família, e como tal, merece os melhores produtos e tratamentos”, afirma Peters.

Já no caso da estilista Barbara Jordano, a adoção de sua cachorrinha a despertou para investir no ramo. Por 11 anos, ela esteve à frente de uma linha de moda feminina e juvenil no mercado de varejo do Brasil. “Tudo mudou quando adotei a Blair. Eu a levava para a fábrica e literalmente brincava de boneca, sempre costurando modelitos novos e charmosos. Já não era consumidora do que tinha no mercado pet, sempre achei os produtos muito caros e de baixa qualidade”, conta a proprietária de uma marca de roupas para animais.

Ciente que muitos tutores tratam os bichinhos como filhos, ela apostou na personalização do serviço. “Esse mercado está em ascensão constante e acredito muito num crescimento bem significativo não só pra mim, mas para toda cadeia. As pessoas cada vez menos têm filhos e usam seu tempo e verba para agradar e humanizar os seus pets. Os meus clientes se preocupam bastante com a qualidade do produto e a modelagem para que os animais fiquem à vontade. Gostamos de saber o nome, medidas para oferecer a melhor mercadoria e conquistar o consumidor na primeira compra. E eles sempre voltam, indicam, elogiam e postam nas redes sociais”, comemora.

Marraccini corrobora as altas expectativas dos empreendedores. “Não vamos andar para trás. Além dos pet shops que estão em todo o país, existem outras atividades que têm apresentado crescimento, como os serviços de pet care, pet walkers e hospedagem, e até os mais criativos, como padarias exclusivas para animais de estimação e negócios de lazer e turismo que aceitam a entrada deles. Como a população do Brasil está envelhecendo, e cada vez mais se concentra em cidades verticalizadas, a procura por animais que possam preencher a casa e oferecer companhia só tende a crescer”, acredita.