O sexto mês do ano foi escolhido para falar sobre a campanha Junho Vermelho, que começa em um momento no qual os estoques da Hemominas estão em níveis críticos e com queda de 60% nos tipos sanguíneos O+, O-, A+ e B-. O déficit está em todo o país e a pandemia tem contribuído para isso, já que as doações caíram 20%.
Há 5 meses, Heitor William, 26, luta contra a leucemia e conta que precisou iniciar o tratamento com urgência. “Descobri que tenho leucemia mileoide aguda e, nessa forma da doença, tudo acontece rápido. Já precisei de uma quantidade alta de sangue e, de um modo geral, as pessoas só se comovem quando se trata de alguém conhecido”.
Segundo ele, todo paciente oncológico tem uma alta necessidade de transfusão. “Após e no intervalo da quimioterapia, há baixas de plaquetas e na imunidade. Desse modo, a doação é importante porque se a gente chega ao hospital e não tem sangue ficamos sem fazer os exames e atrasamos o tratamento”.
Para ele, a dificuldade em encontrar doadores traz um sentimento de incapacidade. “Têm várias pessoas que são saudáveis e não doam por medo. Falo isso por experiência própria, mas não tinha noção do quanto isso é essencial para alguém em tratamento”.
Para aumentar a visibilidade acerca da doação e do tratamento, Heitor decidiu falar sobre o tema nas redes sociais. “O diagnóstico me deu um start. Trabalho como profissional da saúde há 8 anos e nos meus olhos via os pacientes que lutavam pela vida não compreenderem porque aquilo acontecia. Entretanto, me tornando um, percebi que não devemos nos questionar, mas usar isso como motivação e conscientizar as pessoas sobre a importância de se prevenir”.
COVID-19 e a doação
O medo de se contaminar com o coronavírus tem feito muitos desistirem de doar. Mas, para o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, tomando todos os cuidados, a ida até o hemocentro é segura. “Os protocolos de segurança dos bancos de sangue são absolutamente corretos. Não há riscos, pois existe o distanciamento, controle de fluxo e higienização do local. Contudo, para reforçar ainda mais tudo isso, a pessoa deve usar máscara – que é obrigatória, além de lavar as mãos ou usar álcool em gel com frequência”.
Ele explica que, por complicações da própria COVID-19, alguns pacientes precisam de sangue. “Quando a doença evolui para a forma mais grave pode desencadear uma anemia profunda e o tratamento é a transfusão. Além desses casos, existem outras inúmeras doenças onde é preciso esse procedimento, o que aumenta ainda mais a importância desse gesto”.
Como doar
A gerente de captação da Hemominas, Viviane Guerra, corrobora com a fala de Urbano e reforça que as pessoas não precisam ter medo de sair de casa. “Existe um receio de se contaminar, mas seguimos todos os protocolos de higienização da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, por causa da pandemia, as doações são previamente agendadas, o que diminui o fluxo no local”.
Ela acrescenta que as doações podem ser agendadas pelo site da Hemominas ou pelo aplicativo MG Cidadão. “A pessoa deve estar em boas condições de saúde, pesar mais de 50 quilos e ter entre 16 e 69 anos. Jovens de 16 e 17 anos precisam estar com os responsáveis ou levar uma autorização assinada”. Viviane acrescenta que a pessoa não pode doar sangue em jejum. “Pela manhã, deve tomar um café reforçado. Já na parte da tarde, é necessário aguardar 3 horas após o almoço e evitar comidas gordurosas. Se o indivíduo fizer uso de algum tipo de medicamento, precisa ligar na Hemominas para ver se o remédio impede a doação”.