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Revenge Travel: quase metade dos brasileiros pretendem viajar nos próximos 12 meses

A ansiedade para voltar a viajar como antes da pandemia é tanta que foi criado o termo Revenge Travel, algo que pode ser traduzido, de forma literal, como “viagem da vingança”. Apesar de soar violento, trata-se de um movimento positivo. Após tanto tempo privada de conhecer novos lugares, parte da população quer compensar “viajando como nunca”. E os viajantes adormecidos são muitos. Segundo pesquisa da Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, 47% dos entrevistados pensam em embarcar rumo a novos destinos nos próximos 12 meses, mesmo com medidas de isolamento ainda em operação e sem previsão final de 100% do país vacinado.

De acordo com o estudo, a imensa maioria quer conhecer melhor o Brasil. Entre os destinos mais almejados, 55,7% querem passear pelo país e 22,9% têm em mente explorar o próprio estado. Em relação ao exterior, 20,5% pretendem ir para a América do Norte e 19% gostariam de embarcar rumo à Europa.

Planejar viagem é algo que a jornalista Priscila Mendes, 35, entende. Antes da pandemia, ela e o namorado costumavam viajar duas vezes anualmente. Há um ano e meio trancados, eles prometem uma “vingança” de mestre. “Como notei que 2020 não daria mais, joguei para 2021 acreditando que tudo já estaria de volta ao normal, mas adiei novamente os planos para dezembro deste ano e tenho viagem marcada até 2026”, conta.

Nas próximas temporadas, o casal pretende conhecer Curitiba, Holambra, Campos do Jordão, Porto Alegre, Sete Lagoas, Foz do Iguaçu, Florianópolis, Chile e Uruguai. “Em agosto, vamos para a capital do Paraná, a escolha se deu por ser uma cidade que tenho muita vontade de conhecer. Hospedagem e passagens foram compradas em fevereiro, mas os voos já foram remarcados três vezes pela empresa. A expectativa está alta, meu roteiro turístico já está todo planejado para os seis dias. Acredito que ainda será com o uso de máscaras devido ao momento em que vivemos”, afirma.

Enquanto alguns querem respirar novos ares, a relações públicas Ana Paula Prado, 50, planeja sua ida a Campos do Jordão com a intenção de reviver os bons momentos que passou na cidade. “Foi uma das melhores viagens que fiz na minha vida. Quero ir para um lugar que eu tenha me distraído bastante e onde possa comemorar a vida. Afinal de contas, vamos todos renascer com a vacina”, diz.

Na iminência de ser vacinada, o embarque de Ana Paula deve acontecer até o fim deste ano, quando o período para o imunizante agir no sistema imunológico já terá sido cumprido. “Quero ir no verão, época que os preços estão mais baixos porque lá é um local de temporada de inverno. Irei com a minha mãe e ficaremos num hotel boutique. Pretendemos aproveitar bastante. É lógico que vou continuar usando álcool em gel, máscara, com todos os cuidados. Vai ser diferente, mas será uma celebração à vida!”, comemora.

Se os viajantes estão empolgados com a Revenge Travel, o segmento de turismo está mais ainda. Como explica Magda Nassar, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), a queda foi grande. “A pandemia causou um impacto gigantesco no setor e nós continuamos sofrendo. Em relação a 2019, o movimento caiu 70% em 2020. Não fizemos projeções para 2021 porque continuamos na crise sanitária”, afirma.

Para ela, é preciso cautela nas projeções. “A gente entende que, num momento como esse, criar previsões resulta sempre em surpresas ou decepções. Vivemos um momento atípico e é necessário entender que é um passo de cada vez. O que a gente espera é retomar os índices anteriores para depois alcançar taxas maiores. Mas, sim, concordamos 100% com a pesquisa, creio que os números são esses para mais, inclusive. Como todos os países do mundo, o movimento chamado de Revenge Travel ou Revenge Tourism vai chegar forte no Brasil. Temos certeza absoluta disso, talvez na próxima temporada de verão até o ápice nos meses seguintes”.

Magda reforça que viajar, em qualquer época daqui para frente, exigirá consciência. “A indústria está totalmente preparada para esse momento. Temos todos os protocolos de segurança instaurados na hotelaria, companhias aéreas e agências de viagens. O que recomendo para todos, vacinados ou não, é responsabilidade. Vamos viver uma era na qual distanciamento social, máscara, álcool em gel e medição de temperatura farão parte do nosso dia a dia até o vírus ser erradicado. O que queremos é que todos aproveitem com saúde, cuidado e, claro, diversão, para que a gente volte a um mundo ainda mais saudável do que antes”.