Os empresários do comércio varejista de Minas Gerais estão mais confiantes em relação às vendas de janeiro a junho deste ano, apesar dos reflexos causados pela pandemia de COVID-19. Segundo uma pesquisa elaborada pela área de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, a grande maioria (44,1%) aposta em um desempenho melhor para o setor, quando comparado ao segundo semestre de 2020. O número é influenciado, principalmente, pelo Dia das Mães, considerada a data comemorativa mais rentável no período.
Para o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, historicamente, sempre ocorre um otimismo no início do ano. “No entanto, o que motiva os empresários é a campanha de vacinação, pois muitos estão depositando a esperança no processo para retomada gradativa das atividades. Essa crise que estamos vivenciando hoje não teve origem econômica, e sim por conta do coronavírus. Portanto, apenas vamos perceber uma recuperação quando resolvermos esse cenário. Outro fator motivante é a redução do isolamento social, ou seja, mais pessoas circulando nas ruas e visitando os estabelecimentos”, explica.
Conforme o estudo, o Dia das Mães (36,4%) é a melhor época e uma das mais importantes para o comércio. “Ela possui um forte apelo emotivo e boa parte dos consumidores vai às compras, o que alavanca o faturamento do setor no mês de maio”, comenta. Em seguida está a Páscoa (13,0%) e o Dia dos Namorados (12,5%), que devem contribuir para o crescimento das vendas no primeiro semestre de 2021.
O segmento que mais deve se sobressair no período é o de informática, telefonia e comunicação (72,7%). Na sequência aparece o de combustíveis e lubrificantes (70,0%), veículos e motocicletas, partes e peças (63,4%), livros, jornais, revistas e papelarias (60,0%), assim como joias, óticas, artigos recreativos e esportivos e eletroeletrônicos (57,1%).
Atraindo clientes
O levantamento pontuou ainda que 30,2% do comércio investirá em ações promocionais, enquanto que 25,9% realizará ações de divulgação/propaganda. Na visão do economista, o empresário não pode oferecer um desconto agressivo para chamar atenção do consumidor. “Isso porque o combustível do setor varejista é o capital de giro, ou seja, um recurso obtido em curso prazo e que permite o estabelecimento manter suas atividades, como despesas com energia, aluguel, folha de pagamento, entre outros. Se a redução dada é muito alta, ele acaba perdendo margem num momento em que ainda está se recuperando financeiramente. É preciso planejar bem as ações que serão adotadas para atrair e fidelizar os clientes”, alerta.
A pesquisa também mostra que o cartão de crédito é apontado por 54,6% dos empresários como a principal forma de pagamento que será utilizada pelos consumidores, incluindo as compras à vista e as parcelas. O dinheiro está na segunda posição (9,0%), seguidos pelo cartão de débito (8,5%) e crediário/carnê (3,2%).
Dificuldades no caminho
Os principais obstáculos para o consumo deverão ser a pandemia de COVID-19 e o fim do auxílio emergencial para grande parte dos brasileiros (73,3%), além do desemprego (19,0%). De acordo com dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupados no Brasil está em 14,1%, atingindo cerca de 14 milhões de pessoas.
Entre outros motivos que podem dificultar as vendas no semestre está o momento econômico do país (13,2%), a alta dos preços dos produtos (11,2%) e o endividamento do consumidor (4,0%). Conforme estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as famílias inadimplentes, ou seja, com contas ou dívidas em atraso, chegaram a 25,5% no ano passado. Por último, figura nesta lista a concorrência desleal (2,5%).