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Sem Carnaval, economia do país já perdeu R$ 8 bilhões em 2021

No Brasil, é comum ouvir que o ano só começa depois do Carnaval. Acontece que as comemorações da data também fazem a roda da economia ganhar um grande impulso com a festa momesca. Cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estimam que, sem a folia, o país deixou de movimentar cerca de R$ 8 bilhões. Destes, Minas Gerais perdeu sua generosa fatia de R$ 809,7 milhões circulando já no segundo mês do ano.

Apesar de não divulgar a economia movimentada, um balanço da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) aponta que, em 2020, 347 blocos da capital receberam 4,45 milhões de pessoas, com gasto médio entre R$ 289,62, de um morador, e R$ 739,56, de um turista. Na ocasião, a cidade também comemorou um recorde: 221 mil visitantes em 3,6 dias. Destes, quase 93% declararam ter intenção de voltar para festa em 2021.

Para a economista Pollyanna Gondin, o Carnaval tem uma importância cultural e econômica. “É uma data que contribui significativamente para o faturamento de setores como o de turismo, gerando benefícios para o ano todo. Sem contar que movimenta a indústria para a produção de carros alegóricos, fantasias e outros. Além disso, há investimento público, o que contribui para melhorias de cidades que recebem as festas. Assim, não dá para pensar no Carnaval apenas como uma folia ‘em que os cidadãos vão para curtir e beber’, existe uma relevância econômica e que não pode ser desconsiderada”, afirma.

De acordo com a CNC, cerca de 25 mil empregos deixaram de ser gerados para atender a demanda das mais de 36 milhões de pessoas, incluindo turistas, que planejavam aproveitar o Carnaval deste ano. Para Pollyanna, os setores que foram mais impactados são o turismo, hotelaria, gastronomia e comércio em geral. “Não podemos ignorar a cadeia de fornecedores que são demandados neste período, desde a produção de fantasias, indústrias e serviços, sem contar os vendedores ambulantes que geram renda com o trabalho informal”, ressalta.

Questionada se a economia deve engrenar em 2022, ela acredita que o governo deveria ter uma prioridade máxima. “Em primeiro lugar, um plano de vacinação eficiente deveria ser feito. Não é possível pensar em retomada econômica sem que a maioria da população tenha sido imunizada. Em segundo, políticas de assistência à população e aos setores econômicos são importantes. E, aqui, quando falamos em políticas econômicas, estamos pensando em emprego, renda e suporte às empresas. Não adianta afirmar que a economia não pode parar, pois sabemos que os impactos dessa desaceleração são enormes tanto em termos de crescimento, quanto de desenvolvimento. Mas não é possível pensar em melhora das condições econômicas sem o apoio do governo e sem a vacinação da população”, diz.

Sobre a expectativa da volta do Carnaval no ano que vem, a Belotur afirmou que não trabalha com projeções e expectativa. “A prefeitura tem acompanhado e participado de discussões sobre a festa momesca junto aos principais carnavais do país, como Salvador e Rio de Janeiro. Ainda não há nenhuma definição para realização do evento na capital, mas o diálogo permanece constante com toda a cadeia produtiva. A decisão de uma nova data depende das condições sanitárias acompanhadas pelo Comitê de Enfrentamento à COVID-19 da PBH, além de medidas que possam garantir a segurança dos foliões”, respondeu em nota.