“Ei, estou te vendo, concentra aqui!”. É assim que a educadora física Thaís Vaz costuma chamar atenção dos seus pequenos alunos durante as lives (transmissões ao vivo) da academia que trabalha. Desde que a situação global fez as rotinas serem construídas a partir de casa, vários profissionais da educação física estão dando aulas para os alunos on-line. A Thaís produz conteúdo, especialmente, para que as crianças se exercitem e gastem energias acumuladas durante a quarentena, com dois dificultadores: o espaço limitado de uma casa ou apartamento e a concorrência ferrenha de smartphones, TV’s e tablets.
“Durante as lives, temos algumas artimanhas para manter a criança interessada, como interagir com ela. Dessa forma, ela vê que está sendo observada. Os tablets e celulares são nossos grandes concorrentes, então a gente precisa improvisar para conseguir chamar a atenção delas. Criança gosta de brincar com outra criança, alguns adultos não têm muita paciência para brincadeiras infantis. Gosto muito de usar jogos, inclusive, os antigos, adaptados para espaços menores, como vivo-morto, estátua, imitação do andar dos animais, jogos de damas e xadrez. O adulto acaba se divertindo também ao relembrar o que fazia antigamente”, indica Thaís.
Como a concorrência com as tecnologias é desleal, já que jogos e aplicativos on-lines estão cada vez mais atrativos e modernos, a dica da Carolina Midori, coordenadora de atividades infantis de uma rede de academias, é criar uma rotina prazerosa para evitar o ar de “obrigação”. “Os pais devem tentar sempre seguir os mesmos horários para a atividade física. A partir daí, a criança deve se sentir atraída pelo exercício que será executado. Devemos oferecer uma atividade adequada com os interesses e necessidades da faixa etária que ela se encontra. Lembrando que a criança deve ter como objetivo a brincadeira também. Não ser tão rígido ajuda tornar a prática agradável”, diz.
A rotina de atividades físicas para as crianças é tão benéfica que deve ir além do período de isolamento social. “O exercício físico tem ficado muito de lado por todos, principalmente pelos pais, que acabam não introduzindo a prática na vida dos filhos. Quando se tem uma rotina de escola, rua e amigos costuma-se ter um pouco mais de atividade física fora, mas dentro de casa a criança não está gastando energia, está só acumulando calorias e isso, assim como para o adulto, faz mal à saúde. Com o tempo, maus hábitos refletem na vida e para criança não é diferente. A rotina de exercício físico precisa ser implantada independente do isolamento social, mas ainda mais com ele, porque a criança tem um tempo de ócio muito grande”, lembra Thaís. Para educadora, ainda que as atividades tenham como desafio o espaço físico limitado, o importante é estar em movimento. “Mesmo que não sejam atividades de muito gasto calórico, nós as utilizamos para desenvolver outras habilidades na criança, como atenção, reflexo e coordenação motora”, finaliza